A inflação pesou mais no bolso do consumidor de Curitiba e região metropolitana em julho. Apesar da leve desaceleração em relação a junho – quando recuou de 0,91% para 0,89% –, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) medido na cidade foi o maior do país em todas as bases de comparação, segundo a pesquisa mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Grande Curitiba teve a mais alta inflação na apuração mensal (0,89%); no acumulado de janeiro a julho (8,32%), e nos últimos 12 meses (10,63%).
No país, a taxa também desacelerou, de 0,79% em junho para 0,62% no mês passado. Mesmo assim, é a pior para um mês de julho desde 2004. Em 12 meses, o IPCA chegou a 9,56%. É a maior desde novembro de 2003, quando a taxa ficou em 11,02%. E no ano, a inflação acumulada atingiu 6,83%, índice que já supera os 6,41% de todo o ano de 2014. Além disso, ultrapassou o teto da meta oficial do governo para 2015, que é de 6,5%, muito embora o próprio Banco Central já tenha admitido que a taxa fechará o ano em torno de 9%.
A conta de luz, outra vez, foi o que mais pesou no bolso do brasileiro em julho, com uma alta de 4,17% e um impacto individual de 0,16 ponto percentual no IPCA. A alta refletiu os reajustes aplicados às tarifas em algumas capitais, como Curitiba (11,4%) e São Paulo (11%). “Em vários meses do ano, a energia elétrica apareceu como principal impacto. Em algumas regiões, a taxa já está quase dobrando frente há 12 meses”, disse Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.
No ano, o item energia elétrica acumula uma alta de 47,95% no país. Em 12 meses, a taxa é ainda mais expressiva: 57,83%. Na capital paranaense, o aumento acumulado chegou a incríveis 70,54%. O custo com a luz elevou a inflação do setor de habitação, que registrou em julho uma variação de 1,52% no país e de 3,44% em Curitiba e região, mais do que o dobro da média nacional.
Água e esgoto
Outra pressão sobre o IPCA curitibano veio do reajuste da tarifa de água e esgoto, dividida em duas parcelas, que resultou em um aumento de 12,6% para o consumidor da capital.
“Em 12 meses, os preços monitorados já subiram quase 16% [no país]. Grande parte das nossas despesas estão com esses itens e a maioria delas as pessoas não podem deixar de ter, de pagar. São despesas básicas”, comentou Eulina, em referência aos preços controlados pelo governo.
“Os monitorados vinham baixos em 2013. No segundo semestre de 2014, começaram alguns reajustes, como os de ônibus. E este ano a linha do IPCA cortou a dos monitorados ao meio em termos de resultados”, completou.