A inflação oficial acumulada em 12 meses já superou os dois dígitos em cinco das 13 regiões que integram o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“No total do Brasil, o resultado já quase encostou nos dois dígitos. Pelos estados, cinco já ultrapassaram os 10%. Ou seja, em alguns estados, a população está sendo mais penalizada pela inflação”, declarou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.
No total do Brasil, o IPCA em 12 meses até outubro está em 9,93%. Entre as regiões pesquisadas, os maiores resultados foram de Curitiba (11,52%), Goiânia (11,19%), Porto Alegre (10,49%), São Paulo (10,45%) e Fortaleza (10,02%).
Em Curitiba, a inflação de outubro foi de 0,64%, abaixo da média nacional. No acumulado, porém, o reajuste da energia elétrica e o aumento do ICMS feito pelo governo do estado no começo do ano voltaram a pressionar os preços.
Os demais resultados foram de 9,90% no Rio de Janeiro; 9,34% em Campo Grande; 9,24% no Recife; 9,21% em Brasília; 8,97% em Belém; 8,73% em Salvador; 8,61% em Belo Horizonte; e 8,44% em Vitória.
Energia elétrica voltará a impactar IPCA em novembro
A tarifa de energia elétrica já acumula uma alta de 49,03% de janeiro a outubro, o equivalente a uma contribuição de 1,44 ponto porcentual para a taxa de 8,52% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do período.
Como resultado, a conta de luz voltará a ser o vilão da inflação no fechamento do ano de 2015, prevê Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE. “Ninguém vai tirar da energia elétrica a liderança (no ranking dos impactos sobre o IPCA de 2015)”, disse ela.
Em novembro, a energia elétrica também impactará a inflação do mês. O IPCA absorverá o reajuste de 16% autorizado para uma das concessionárias do Rio de Janeiro a partir de 7 de novembro. Também haverá aumento em São Paulo, com reajuste de 15,5% em uma das concessionárias da região a partir do dia 23 deste mês.
Serviços
A inflação de serviços acumulada em 12 meses alcançou 8,34% em outubro, abaixo da taxa de 9,93% registrada pelo IPCA no período. No entanto, o resultado não significa que os serviços tenham dado trégua. O ritmo de aumento de preços se mantém, afirmou Eulina.
“Os serviços não cederam. Na ótica dos 12 meses, (os aumentos de preços) continuaram na casa dos 8%. Não pararam de subir, continuam subindo no mesmo ritmo. Até porque tem uma pressão forte dos custos sobre os serviços”, declarou Eulina.
Em outubro, a inflação de serviços ficou em 0,62%, enquanto o IPCA fechou em 0,82%. No mês anterior, a alta foi de 0,66%, ante 0,54% do IPCA. “Agora, o IPCA está mais carregado de monitorados. Então foi o IPCA que se deslocou (para cima da inflação de serviços) por conta dos monitorados. Ou seja, os serviços não cederam ainda”, explicou Eulina.
No acumulado em 12 meses, a inflação de monitorados já está em 17,53%. No mês de outubro, a alta foi de 1,39%.
“Os monitorados, na verdade, são itens que você não tem como substituir. O que você pode fazer é economizar”, lembrou a coordenadora do IBGE.
Inflação anual encosta em 10% com alta de combustíveis
IPCA acelerou em outubro por causa do reajuste da gasolina e do etanol
Leia a matéria completaAlimentos e Bebidas
Em outubro, os gastos das famílias com Alimentação e Bebidas aumentaram 0,77%, o segundo maior impacto de grupo sobre a inflação do mês, conforme o IBGE. A contribuição foi de 0,19 ponto porcentual para a taxa de 0,82% do IPCA do mês, atrás apenas do impacto de Transportes (0,31 ponto porcentual).
“Se pegar transportes e alimentos juntos, vai dar 0,50 ponto porcentual no IPCA do mês”, ressaltou Eulina.
No caso de Transportes, o reajuste de combustíveis foi o principal vilão. Já os alimentos estão pressionados pela valorização do dólar, que encarece os fertilizantes, por exemplo, e pelos prejuízos causados pelas chuvas à lavoura, apontou Eulina.
“Os produtores têm reclamado bastante dos custos agrícolas, que vêm crescendo. E as chuvas nos principais centros produtores agrícolas vêm prejudicando as lavouras”, explicou a coordenadora do IBGE.
Alguns produtos que ficaram mais caros em outubro foram frango inteiro, açúcar cristal, alho, cerveja, arroz, refrigerante, tempero misto, farinha de trigo, açúcar refinado e frutas. Na direção oposta, ficaram mais baratas a cebola (-32,64%) e a batata-inglesa (-10,69%).
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