A Grande Curitiba passou a exibir, no mês passado, o maior índice de inflação entre as nove principais regiões metropolitanas do país. De janeiro a setembro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) da capital paranaense acumula uma alta de 4,22%, bem acima da média nacional, de 3,61%. Se esse cenário persistir nos próximos meses, a região metropolitana de Curitiba (RMC) fechará 2010 com inflação superior à da média brasileira pelo segundo ano consecutivo, após registrar avanços mais baixos em 2006, 2007 e 2008.
Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, até agosto, a maior inflação de 2010 era a da região metropolitana do Rio de Janeiro, que agora ocupa o segundo lugar, com 4,18%. O curioso é que a capital paranaense assumiu a dianteira justamente no momento em que o avanço dos preços locais diminuiu um pouco o passo. Na passagem de agosto para setembro, a inflação mensal da RMC desacelerou de 0,64% para 0,36% apenas uma outra região, a de Porto Alegre, também teve redução de ritmo no mês. Em todo o país, houve forte aceleração, com o IPCA subindo de 0,04% para 0,45% no mesmo intervalo. A principal influência para o avanço dos preços no mês passado, em Curitiba e na média nacional, veio do segmento de alimentação e bebidas, com alta de 1,14% na capital e 1,08% em todo o país.
Virada
O comportamento relativamente discreto dos preços curitibanos em setembro, no entanto, não foi suficiente para reverter a tendência de alta iniciada em julho. Até então, a inflação acumulada na RMC estava abaixo da média nacional. A ultrapassagem ocorreu quando a Companhia Paranaense de Energia (Copel) decidiu repassar, de uma só vez, os reajustes autorizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em 2009 e 2010 o que resultou em um aumento de 14,1% na conta de luz daquele mês, segundo o IBGE. Em agosto, os vilões da inflação foram os combustíveis, que têm peso mais forte na RMC do que na média nacional. No período, o álcool subiu quase 12% e a gasolina, 4%. Assim, no acumulado de julho e agosto, o IPCA geral da Grande Curitiba saltou 0,95%, enquanto que em todo o país o avanço não chegou a 0,1%.
Esses não são os únicos fatores a explicar o avanço da inflação local. De um total de nove categorias de produtos e serviços, Curitiba mostra oscilação mais forte de preços em oito. A exceção é o grupo de transportes, fortemente influenciado pela variação dos preços do etanol e da gasolina, que, apesar da alta em agosto, registram deflação no acumulado desde janeiro.
As maiores discrepâncias entre as variações regional e nacional ocorrem em alimentação e bebidas com variação de 6,67% no ano na RMC e de 4,61% no Brasil , habitação (5,14% contra 3,39%), vestuário (6,19% contra 3,86%) e despesas pessoais (7,88% contra 5,30%). Nesse último grupo, chama atenção o comportamento dos ingressos para jogos de futebol, que ficaram quase 50% mais caros desde o início do ano. Em vestuário, a maior alta em 2010 é a de joias e bijuterias, que subiram 12,8%. Nos alimentos, destacam-se as carnes bovinas, cujos preços subiram cerca de 15% no ano. As refeições fora de casa também estão bem mais caras, após sofrerem reajuste médio de 7% desde janeiro.