Fim da deflação de alimentos acelera IPCA
O fim da deflação no preço dos alimentos e pressões pontuais aceleraram a alta do IPCA nacional em setembro, que subiu 0,45% após avançar apenas 0,04% em agosto. Para a economista Ariadne Vitoriano, da consultoria Rosenberg & Associados, a dinâmica condiz com uma taxa prevista de 5,1% para o acumulado de 2010 acima, portanto, do centro da meta perseguida pelo Banco Central (4,5%).
Para a coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, a aceleração não revela um aumento generalizado de preços, mas se deve à pressão dos alimentos e "reajustes pontuais de itens como água e esgoto, passagens aéreas e vestuário". O preço dos alimentos interrompeu uma trajetória de três meses de variações negativas e subiu 1,08% em setembro.
O grupo de alimentos e bebidas respondeu, sozinho, por quase metade (0,24 ponto porcentual) da inflação nacional do mês passado. O item carnes, com alta de 5,09%, representou a maior contribuição individual. Os produtos não alimentícios subiram 0,27%, após avanço de 0,12% em agosto. Houve pressão, nesse grupo, de itens como aluguel residencial (0,61%), tarifa de água e esgoto (0,70%) e passagens aéreas (7,58%). Por outro lado, houve queda nos preços da gasolina (-0,14%), além de automóveis novos (-0,26%) e usados (-0,46%).
Commodities
Segundo Eulina, boa parte das pressões sobre os alimentos tem origens externas: no aumento dos preços de commodities ou por problemas climáticos em países como a Rússia. No caso das carnes, principal contribuição individual para o IPCA no mês, Eulina disse que a alta de 5,09% está relacionada à estiagem no Brasil, que provocou seca nos pastos, e ao aumento de custos de insumos cujos preços são definidos em escala internacional, como o milho. "A explicação mais evidente para a alta dos alimentos está nos problemas de oferta, ainda que a demanda esteja aquecida", afirma.
No ano, os alimentos já acumulam alta de 4,61% nos preços, variação superior à acumulada em todo o ano passado (3,18%). Os alimentos respondem, sozinhos, segundo Eulina, por 1,04 ponto porcentual, ou "quase a terça parte" do IPCA acumulado no ano, de 3,61%. O aumento acumulado dos alimentos em 2010 reflete, sobretudo, segundo ela, os fortes reajustes do primeiro trimestre e a alta de 1,08% apurada em setembro.
Agência Estado
A Grande Curitiba passou a exibir, no mês passado, o maior índice de inflação entre as nove principais regiões metropolitanas do país. De janeiro a setembro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) da capital paranaense acumula uma alta de 4,22%, bem acima da média nacional, de 3,61%. Se esse cenário persistir nos próximos meses, a região metropolitana de Curitiba (RMC) fechará 2010 com inflação superior à da média brasileira pelo segundo ano consecutivo, após registrar avanços mais baixos em 2006, 2007 e 2008.
Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, até agosto, a maior inflação de 2010 era a da região metropolitana do Rio de Janeiro, que agora ocupa o segundo lugar, com 4,18%. O curioso é que a capital paranaense assumiu a dianteira justamente no momento em que o avanço dos preços locais diminuiu um pouco o passo. Na passagem de agosto para setembro, a inflação mensal da RMC desacelerou de 0,64% para 0,36% apenas uma outra região, a de Porto Alegre, também teve redução de ritmo no mês. Em todo o país, houve forte aceleração, com o IPCA subindo de 0,04% para 0,45% no mesmo intervalo. A principal influência para o avanço dos preços no mês passado, em Curitiba e na média nacional, veio do segmento de alimentação e bebidas, com alta de 1,14% na capital e 1,08% em todo o país.
Virada
O comportamento relativamente discreto dos preços curitibanos em setembro, no entanto, não foi suficiente para reverter a tendência de alta iniciada em julho. Até então, a inflação acumulada na RMC estava abaixo da média nacional. A ultrapassagem ocorreu quando a Companhia Paranaense de Energia (Copel) decidiu repassar, de uma só vez, os reajustes autorizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em 2009 e 2010 o que resultou em um aumento de 14,1% na conta de luz daquele mês, segundo o IBGE. Em agosto, os vilões da inflação foram os combustíveis, que têm peso mais forte na RMC do que na média nacional. No período, o álcool subiu quase 12% e a gasolina, 4%. Assim, no acumulado de julho e agosto, o IPCA geral da Grande Curitiba saltou 0,95%, enquanto que em todo o país o avanço não chegou a 0,1%.
Esses não são os únicos fatores a explicar o avanço da inflação local. De um total de nove categorias de produtos e serviços, Curitiba mostra oscilação mais forte de preços em oito. A exceção é o grupo de transportes, fortemente influenciado pela variação dos preços do etanol e da gasolina, que, apesar da alta em agosto, registram deflação no acumulado desde janeiro.
As maiores discrepâncias entre as variações regional e nacional ocorrem em alimentação e bebidas com variação de 6,67% no ano na RMC e de 4,61% no Brasil , habitação (5,14% contra 3,39%), vestuário (6,19% contra 3,86%) e despesas pessoais (7,88% contra 5,30%). Nesse último grupo, chama atenção o comportamento dos ingressos para jogos de futebol, que ficaram quase 50% mais caros desde o início do ano. Em vestuário, a maior alta em 2010 é a de joias e bijuterias, que subiram 12,8%. Nos alimentos, destacam-se as carnes bovinas, cujos preços subiram cerca de 15% no ano. As refeições fora de casa também estão bem mais caras, após sofrerem reajuste médio de 7% desde janeiro.
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