Grandes grifes internacionais já começam a desembarcar em Curitiba: nicho de luxo na cidade é mais amplo do que se imagina.| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Com pouco mais de um ano da inauguração do shopping Pátio Batel, Curitiba se tornou oficialmente o destino sulista das grandes marcas de luxo. Estudo realizado pela MCF Consultoria em parceria com a alemã Gfk, que entrevistou lojistas de todo o Brasil, depois do eixo Rio-São Paulo, colocou Curitiba como a segunda capital mais promissora no segmento, com 20% dos votos, atrás somente da capital federal.

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Segundo dados do Credit Suisse, até 2016 o Brasil e a África do Sul serão os países com o maior número de novos milionários. Desde 2013, a cada 27 minutos um brasileiro conquista seu primeiro milhão. O mercado do luxo no país gera R$ 20 bilhões por ano e atualmente já conta com a presença de 60% das marcas internacionais do segmento.

Com a chegada das grifes de moda a Curitiba, os empresários locais se deram conta de que o nicho de luxo na cidade é mais amplo do que se imaginava. “Se há cliente para a Prada ou a Louis Vuitton, há potencial para todos os segmentos, de forma a satisfazer esse cliente de ponta a ponta, de gastronomia e automóveis a cirurgias plásticas e viagens”, diz Cláudio Diniz, autor do livro O Mercado de Luxo no Brasil e consultor da Maison du Luxe.

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O especialista alerta ainda que o consumidor do segmento não está concentrado apenas na capital, mas espalhado pelo interior. “São fazendeiros e industriais que não aparecem nas colunas. Essas pessoas não mudam seus hábitos de consumo como o público tradicional, a crise não chega tão facilmente assim.”

“Que crise?”, brinca Laertes Xavier, diretor nacional da joalheria Van Cleef & Arpels, que chegou ao Brasil há dois anos. Segundo ele, há cautela nos investimentos, mas o mercado brasileiro ainda tem credibilidade de longo prazo, que é o que interessa às grifes. Além disso, a alta do dólar pode ser vista como uma oportunidade de o brasileiro consumir mais marcas de luxo dentro do país. “A reação do segmento à crise repetiu o comportamento dos americanos em 2009, quando a classe A apostou nas empresas sólidas e de bens palpáveis para consumir mais”, diz.

De acordo com dados da ABVTEX, as importações no varejo de roupa no Brasil somam R$ 1,7 bilhão ao ano, enquanto os consumidores brasileiros gastam cerca de R$ 4 bilhões em roupas quando viajam para o exterior, o que representa mais de 30% das despesas fora do país.

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Profissionalização do nicho exige mão de obra treinada

Se público consumidor tem de sobra em Curitiba, falta quem o atenda à altura de seus anseios e dos valores que está disposto a pagar. Com a profissionalização do segmento, a busca das marcas deixou de ser pelas meninas da alta sociedade, como era nos tempos áureos da Daslu, e passou a ser por mão de obra especializada, o que motivou o lançamento de cursos específicos em instituições como o Isae/FGV e o Centro Europeu.

“Não basta simpatia e um bom atendimento, isso a cliente encontra em qualquer loja. É preciso um comportamento de excelência que mostre ao consumidor o valor da marca e do produto que ele está comprando. As pessoas querem experiência”, diz a headhunter Ester Morgan, que trabalha junto a marcas como Dior, Hugo Boss e Reinaldo Lourenço. “É melhor o mercado se preparar para estar sólido e atender à demanda quando o cenário melhorar”, conclui. (LS)