O menu dos curitibanos que gostam de cinema está ganhando variedade. Nada que ameace a supremacia da combinação dos filmes de Hollywood com pipoca e refrigerante apenas têm se multiplicado as opções de local para o lazer cinematográfico. A abertura de salas de exibição na cidade segue o ritmo dos bons roteiros de ação, inclusive com o risco de queda de alguns protagonistas. Em março, a capital chegará à marca de 62 pontos de projeção, o dobro do que existia em 2002. E não deve parar aí: em 2008 haverá mais de 70 salas em Curitiba.
Pelas leis de mercado, o maior número de opções é bom para o consumidor. As empresas tendem a baixar preços e fazer mais agrados para não perder público. Não é possível prever, porém, se haverá cinéfilos o suficiente para encher tantas salas e dar o retorno esperado pelos exibidores. Quem planejou investimentos para os próximos anos diz que é possível entrar em um setor que muitos empresários vêem como "saturado" pelo excesso de oferta.
O diretor da Tacla Administrações e Participações, Aníbal Tacla, é quem está desafiando os limites do mercado. Ele tem nas mãos um empreendimento audacioso: o maior shopping de Curitiba, que será erguido no bairro Portão. Nele, haverá 2.800 poltronas de cinema, divididas em pelo menos 11 salas uma delas administrada pela futurística Imax, especializada em projeções tridimensionais (3D). "O Imax é uma experiência diferente, que vai atrair gente até de cidades vizinhas", explica Tacla. "Mas também vejo espaço para o cinema tradicional naquela região da cidade."
Tacla não fez uma aposta solitária no futuro dos bairros. Outras empresas investiram na abertura de salas fora do centro de Curitiba. A Cinesystem, uma firma de Maringá que vem ganhando força na capital, abriu cinco salas no Shopping Cidade, no bairro Hauer, e vai inaugurar em março outras cinco no Shopping Total, no Portão. "Esperamos manter uma ocupação semelhante à registrada no centro porque estamos atendendo outro público", afirma Gilmar Leal Santos, diretor da Cinesystem. Para ele, porém, Curitiba pode se tornar uma cidade pequena demais para tantos pontos de exibição. "Pelo menos por enquanto a cidade não comporta mais salas. Temos uma oferta parecida com a mexicana, o que é um bom indicador", avalia.
O duelo entre as redes de exibidores é muito provável também na visão de Milton Durski, um empresário de Curitiba que administra os cinemas dos shoppings Água Verde, Portal e Jardim das Américas (no qual trabalha com sua nova marca, a Cineplus). "Vai sobreviver quem conseguir a fidelidade dos clientes", observa. Durski conhece bem o público que passa longe do centro da cidade e diz que está preparado para um período longo de competição acirrada. "O cinema de bairro vai crescer e eu vou cativar meu público", promete o exibidor, que investiu R$ 1,2 milhão nas quatro salas do Jardim das Américas.