O trabalhador curitibano que almoça fora de casa todos os dias gasta em média R$ 303,60 por mês, considerando uma frequência de 23 dias úteis. Apesar do valor representar sozinho 48% do salário mínimo regional, a refeição fora do domicílio em Curitiba tem a média mais barata entre as capitais das regiões Sul e Sudeste, segundo uma pesquisa nacional encomendada pela Associação das Empresas de Refeição e Alimentação Convênio para o Trabalhador (Assert).
Entre as capitais pesquisadas, o preço médio em Curitiba, de R$ 13,20, supera apenas o de Campo Grande (MS), cujo valor médio ficou em R$ 11,50. A média nacional, por outro lado, ficou em R$ 18,20. O levantamento considerou como "refeição" a combinação de prato principal, bebida não alcoólica, sobremesa e cafezinho, abrangendo quatro categorias de restaurantes que possuem convênio com pelo menos uma empresa de vale-refeição. A pesquisa de campo foi feita em novembro e dezembro do ano passado, e os responsáveis pelas respostas foram os donos ou responsáveis de 3.224 estabelecimentos em 22 municípios ou regiões metropolitanas.
Objetivo
Os principal objetivo da Assert, que encomendou a pesquisa, foi fornecer novos parâmetros de preço dos benefícios refeição concedidos pelas empresas, que normalmente são inferiores ao pago efetivamente no comércio. "Com essa amostra bastante significativa, queremos prestar um serviço às empresas e aos empregados. Nosso objetivo é oferecer dados cada vez mais precisos", diz o presidente da entidade, Artur Almeida. Ele destaca que o preço médio nacional é bem superior aos benefícios concedidos pelas empresas que, de acordo com ele, pagam em média R$ 10 por dia. O valor varia conforme a categoria profissional, acordos sindicais e a região do país.
Inflação
De acordo com o IPCA, índice de inflação medido pelo IBGE, em 2009 o custo da alimentação dentro e fora de casa subiu menos em Curitiba do que na média nacional. O acumulado do ano passado mostra que, no Brasil, a alimentação fora de casa aumentou 7,6%, enquanto a alimentação doméstica cresceu apenas 0,9%. Na capital paranaense os índices foram de 6,8% e deflação de -0,3%, respectivamente. O economista do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) Sandro Silva afirma que, nos últimos anos, os índices de inflação da alimentação fora de casa tradicionalmente têm subido mais do que os domiciliar, com exceção de 2007, que contrariou essa tendência.
Apesar de os restaurantes argumentarem que o aumento de outros custos justificam os reajustes, Silva lembra que tarifas como água, energia e telefone têm subido pouco, normalmente abaixo da inflação. Para ele, uma hipótese possível para as constantes altas na série histórica é reflexo do aumento sobre a folha de pagamento, uma vez que a maioria da base de trabalhadores tem conseguido ganho real nos salários. "Mas essa hipótese só vale para os anos mais recentes, quando os reajustes ficaram melhores", diz.
O estudo foi conduzido pelo Instituto Análise entre os dias 23 de novembro e 18 de dezembro de 2009. Foram realizadas 3.224 entrevistas com donos ou responsáveis pelos estabelecimentos comerciais.