"Seleção natural" afastará os menos preparados, diz professor
O professor do Isae/FGV Luciano Salamacha acredita que a atual crise econômica e seus reflexos no emprego trarão ao menos duas consequências para o mercado de trabalho do país. "Essa situação vai forçar, por falta de opção, os sindicatos a reverem suas bases. Os sindicatos devem pensar que, neste momento, a lei trabalhista pode ir contra o funcionário. Se eles forem lutar de maneira intransigente vão provocar mais desemprego", considera Salamacha.
Por outro lado, ele diz que as pessoas que estão trabalhando em setores de maior risco serão obrigadas a rever seu estágio de qualificação. A "seleção natural" que o mercado fará de pessoas pouco preparadas será mais intensa, acredita. "Nestes setores que estão demitindo, você se assusta com o volume de pessoas que não se preocuparam em fazer algum tipo de curso de aperfeiçoamento profissional ou acadêmico. Essas pessoas estão pagando o preço da acomodação. Elas não se prepararam para o período de vacas magras."
Agora, diz ele, mesmo aqueles que trabalham em setores com situação mais confortável caso do varejo e da prestação de serviços enfrentarão uma concorrência por conta das demissões já ocorridas. "Aqueles que não estão sofrendo a crise diretamente poderão ser influenciados pela oferta de mão-de-obra dos setores que são impactados pela crise", avalia Salamacha. Portanto, ele acredita que, mesmo tardiamente, quem está preocupado com seu emprego deve buscar maior qualificação. (FL)
Mais da metade dos curitibanos consideram-se preocupados ou muito preocupados com seus empregos em 2009. E 42% deles acreditam que o impacto da crise econômica mundial sobre o mercado de trabalho brasileiro foi muito grande outros 40% dizem que este impacto foi médio. Os dados constam de pesquisa encomendada pela Gazeta do Povo à Paraná Pesquisas. E mostram que o cidadão de Curitiba está pouco confiante em relação à recuperação do mercado de trabalho neste ano.
Dentre uma série de itens, o emprego aparece em segundo lugar como a maior preocupação dos entrevistados neste ano, com 22,3% das respostas. Perde só para a violência, com 44,5%. Dos que declararam estar sem trabalho, a maioria (48,4%) diz estar pouco confiante em relação às chances de conseguir uma nova colocação. (veja gráfico ao lado)
O período de levantamento dos dados, entre os dias 28 e 29 de janeiro, carrega consigo o pessimismo gerado pela divulgação dos números do mercado de trabalho brasileiro no ano passado. Só em dezembro, foram fechadas 655 mil vagas no país, 49 mil delas no Paraná. Em ambos os casos, são os maiores números de que se tem notícia.
Para o professor de Estratégia de Empresas e Plano de Negócios do Instituto Superior de Administração e Economia da Fundação Getulio Vargas (Isae/FGV) Luciano Salamacha as expectativas negativas em relação ao emprego têm sido alimentadas principalmente pelos anúncios da indústria de base e do setor metalmecânico. "São setores que estão sofrendo efetivamente uma repercussão da crise econômica mundial. A General Motors, por exemplo, tem sua unidade superavitária na América Latina. E ela tem que remeter mais recursos à sua matriz. As multinacionais daqui estão sendo forçadas a devolver capital para suas matrizes", explica.
Os dados da Paraná Pesquisas mostram ainda que 45,1% a maioria dos curitibanos avaliam como "regular" o mercado de trabalho brasileiro no momento, e 28,8% novamente a maioria acreditam que ele continuará neste patamar daqui a um ano.
No entanto, diz o professor Salamacha, não se deve generalizar problemas específicos. "Se a taxa de desemprego é real, ela é mais incidente sobre o setor industrial, e não sobre o setor de comércio e de prestação de serviços." Estes últimos, diz ele, ainda não foram seriamente impactados pela crise internacional e reservam algumas oportunidades.
"Eu acho que é normal ter medo. Um empregado que tem família para sustentar e outros compromissos acaba se sentindo assim, mas não pode deixar o medo se transformar em pessimismo", avalia Alex Weymer, coordenador da especialização em Gestão Estratégica de Pessoas da Escola de Negócios da Pontifícia Universidade Católica (PUC-PR). Para ele, o investimento na própria capacitação pode ser a chave para se proteger neste momento. "E isso não serve só para nível executivo, serve também para nível operacional", diz.
Além disso, o professor Salamacha acredita que o mercado de trabalho no Brasil sofrerá menos que em outros países. "Comparada a outros países, a queda do emprego vai ser bem menor no Brasil. Enquanto os outros estão em recessão, aqui nós estamos vendo a redução do crescimento. A taxa de desemprego varia um pouco para cima, mas não o suficiente para dizer que a gente está desesperado."
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