A expectativa de que Curitiba logo terá uma lei para regulamentar os food trucks veículos com cozinha adaptada para oferecer comida na rua anima empresários. O projeto de lei, que já foi protocolado na Câmara, ainda está sendo discutido com a prefeitura, mas já há quem esteja se preparando para aderir ao modelo. Se aprovada, a norma deve permitir que os food trucks funcionem mais perto da fórmula original americana, circulando e parando em diferentes pontos da cidade ao longo do dia.
INFOGRÁFICO: Veja quantos pontos de comida o curitibano encontra nas ruas
O investimento é alto inclui os custos de uma caminhonete adaptável e da reforma, ou do trailer feito sob encomenda. Na visão dos empreendedores, a cidade oferece oportunidades em regiões de grande circulação de pessoas e poucos restaurantes: praças, parques e até bairros, como o Centro Cívico. Atualmente, os veículos podem apenas parar em eventos particulares, com alvarás temporários.
Uma iniciativa é o Nebraska Burgers, cuja caminhonete adaptada ficou pronta em maio. Marco Salgado, 30 anos, apostou na ideia que conheceu dez anos atrás, quando morou nos Estados Unidos. Investiu R$ 200 mil, sendo R$ 80 mil no financiamento da caminhonete e outros R$ 60 mil na adaptação.
Enquanto espera a regulamentação, Salgado participa de eventos. Seus hambúrgueres custam em torno de R$ 15. A ideia é matar a fome de quem tem pouco tempo para almoçar. "O tíquete médio em São Paulo é de R$ 20. É esse o conceito: comida barata e de qualidade", diz.
Oficinas especializadas já notam aumento de procura. Na fábrica de Evandro Araújo, em Colombo, antes as encomendas eram só de empresários paulistas. No momento, três caminhonetes estão sendo adaptadas, a custos que vão de R$ 30 mil a R$ 150 mil. "Está todo mundo atrás disso. Alguns nem sabem quando a lei vai sair, mas há uma grande procura", diz.
Deve ocorrer no fim do mês uma nova discussão com a prefeitura para alinhar o texto final do projeto do vereador Helio Wirbiski (PPS). No texto original, a lei abrangeria diferentes veículos, de vans a trailers. Mas a definição esbarra em questionamentos de órgãos municipais. A Secretaria de Trânsito (Setran), por exemplo, tem restrições sobre trailers externos teme que prejudiquem o tráfego.
Empresários estudam criar uma associação para participar das discussões. Eles elogiam o fato de Curitiba ter se adiantado ao possível boom São Paulo teve dificuldades em regrar um setor já estabelecido , mas temem um excesso de limitações. "É preciso regras para que não vire bagunça, mas não se pode limitar a criatividade, que é a essência de um food truck", diz Pedro Américo Duarte, 27. Com dois amigos, ele fundou a #PartiuTemaki, que lançará, em novembro, durante o Brasil Motorcycle Show, um trailer para vender comida japonesa na rua.