Alerta
Comportamento de famílias endividadas merece cuidado, diz SPC
Para o economista André Soares, do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) de Curitiba, o alto porcentual de endividamento na cidade aponta para uma tendência consumista no comportamento das famílias da capital paranaense. E isso exige atenção, ainda mais em um momento em que o poder aquisitivo se mostra pressionado pela inflação e pelas dívidas, diz Soares. Manter o nome limpo, lembra ele, nem sempre significa ter as contas sob total controle. "Quem paga a fatura mínima do cartão de crédito não se torna inadimplente, mas continua devendo", compara, citando os juros do cartão, que chegam a 200% ao ano.
R$ 1,1 bilhão é quanto somam todas as dívidas das famílias curitibanas em 2012, segundo a Fecomércio-SP. O valor só é menor que o de São Paulo (R$ 3,6 bi), Rio de Janeiro (R$ 2,6 bi) e Distrito Federal (R$ 1,1 bi). Cada dívida contraída pelos lares da capital paranaense ficou, em média, em R$ 2.164, valor 14% superior ao verificado em 2011.
Curitiba manteve em 2012 o maior porcentual de famílias endividadas entre as capitais brasileiras (88%) e isso pode ser um peso e tanto para 2013. É o que aponta o estudo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP) divulgado ontem. Pelo segundo ano consecutivo, a capital paranaense foi a com o maior índice de famílias endividadas em 2011, havia sido 90%, contra os 64% de 2010. A média nacional ficou em 59% (veja detalhes no gráfico).
INFOGRÁFICO: Confira o percentual de famílias endividadas nas capitais brasileiras em 2012
O número não é de todo ruim para Curitiba, segundo os analistas, porque, em geral, os habitantes da cidade dispõem de renda superior à média brasileira e apenas uma parcela diz ter contas atrasadas: 22%. "Isso mostra que o curitibano tem capacidade de pagamento maior do que o brasileiro e tem arcado com o hábito nacional de parcelar todas as contas possíveis", diz o economista Altamiro Carvalho, da FFA Consultoria, de São Paulo, que elaborou o estudo.
O problema é que o quadro geral de 2013 se mostra mais negativo que o do ano passado, ano de referência para a pesquisa. Além da inflação, que já dá mostras de frear o consumo interno, há o ciclo de aumento da taxa básica de juros, a Selic, pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central.
Em 2012, o juro real para pessoas físicas foi mais baixo que em 2011 31,6% contra 36,4%. A alteração deve tornar mais difícil que as famílias consigam substituir uma dívida por outra com juros mais em conta em 2013, projeta Carvalho. Na próxima reunião do Copom, no fim de agosto, o mercado espera que a Selic vá a 9% ao ano.
Desemprego
O cenário financeiro dos curitibanos também aparenta ser mais vulnerável ao aumento do desemprego. "Se a situação do mercado do trabalho se deteriorar, a cidade que tem maior contingente de famílias endividadas sofrerá mais", analisa o economista. O mesmo risco correm outras cidades com porcentual alto de endividamento, como Florianópolis, Maceió, Palmas e Cuiabá.
Valor das contas
A pesquisa da Fecomércio-SP também mostra que o valor devido, em média, pelas famílias da capital paranaense subiu 14% passou de R$ 1.896 em 2011 para R$ 2.164 em 2012. O único atenuante é que Curitiba continua com um comprometimento de renda (29%) ligeiramente abaixo da média nacional (30%).
Julgamento do Marco Civil da Internet e PL da IA colocam inovação em tecnologia em risco
Militares acusados de suposto golpe se movem no STF para tentar escapar de Moraes e da PF
Uma inelegibilidade bastante desproporcional
Quando a nostalgia vence a lacração: a volta do “pele-vermelha” à liga do futebol americano
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast