Emprego
PR "importa" motoristas colombianos para amenizar déficit de mão de obra
De acordo com uma estimativa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), há um déficit de 100 mil caminhoneiros no Brasil. No Paraná, a estimativa é de que faltem cerca de 5 mil motoristas profissionais. Na tentativa de diminuir essa diferença, o Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Paraná (Setcepar) está importando caminhoneiros colombianos para trabalharem nas empresas locais.
No país vizinho, o cenário é exatamente o oposto: com o excesso de profissionais para a atividade, milhares de motoristas estão desempregados há meses. "A ideia é aliar os interesses. Sabemos que não vamos solucionar o problema, mas é uma forma de tentar diminuir essa dificuldade do mercado", afirma o presidente do sindicato, Gilberto Cantú. Até o momento, 20 profissionais colombianos vieram para o estado.
A ideia surgiu num intercâmbio de um dirigente do sindicato dos transportadores da Colômbia no Brasil. "Eles têm uma situação muito diferente da nossa e, ao mesmo tempo, é um povo que tem uma facilidade maior para se adaptar por conta da língua e de uma legislação de trânsito parecida", explica Cantú.
Até o momento, cerca de 250 currículos de colombianos já foram enviados ao Paraná. Os motoristas são selecionados e passam por um treinamento de adaptação às normas de trânsito do Brasil. Em média, os salários no Brasil são 50% maiores e os direitos e condições de trabalho são mais favoráveis por aqui. "A ideia é trazer mais gente nos próximos meses. Até o momento, o resultado tem sido bastante positivo", comemora o presidente do Setcepar.
Incentivo
A CNT também tem promovido alguns programas para tentar reverter o problema do déficit. A entidade abriu inscrições para jovens de baixa renda entre 18 e 25 anos que queiram fazer a primeira habilitação para dirigir caminhões. Os custos são bancados pela confederação. A ideia da instituição é formar 50 mil novos caminhoneiros. Mais informações no site www.sestsenat.org.br.
O custo do frete rodoviário de cargas, responsável pelo transporte de 65% de todas as mercadorias do país, dobrou nos últimos cinco anos. A alta, de mais de 100% nos gastos, supera em três vezes a inflação oficial do período, que ficou em 31% no índice acumulado de 2009 até o final de 2013. Além de prejudicar as empresas do setor, o aumento também acaba pesando no bolso do consumidor final.
Confira os custos do transportes rodoviários em 2013
Somente no ano passado, os custos operacionais do transporte subiram 7,9%. Os aumentos de 17,3% no gasto com diesel e de 10,2% nas despesas com salários de motoristas e ajudantes foram os fatores de maior peso. Para piorar, com estradas precárias e um plano de concessões parado, os gastos mais altos não vieram acompanhados de produtividade.
Como o frete não é tabelado, não há como medir quanto de fato foi repassado por transportador, de acordo com a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística). A associação informa que, de acordo com uma sondagem feita com 132 empresas do ramo, a maioria repassou um aumento de 5% no valor do frete ao longo do ano passado um pouco menos do que a inflação do período. "É impossível absorver altas tão persistentes. O transporte representa quase metade do preço de alguns produtos da cesta básica", afirma o membro do conselho de infraestrutura da MV Logística Sebastião Almagro. "Parte disso explica porque esses produtos são campeões da inflação", completa.
Segundo o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas no Estado do Paraná (Setcepar), Gilberto Cantú, o setor enfrenta uma dificuldade ainda maior para tentar diminuir os custos. "Os fornecedores de insumos são monopólios ou oligopólios, o que complica a negociação. Somente a Petrobras fornece o diesel, são poucas empresas de caminhões e de pneus, por exemplo. Não tem como escapar."
Ineficiência
Altas nos preços à parte, a baixa produtividade do setor também encarece as operações. "O maior problema é o custo do minuto parado. Ele dobrou nos últimos anos", afirma o presidente da transportadora Cargolift, Markenson Marques.
Os principais motivos são portos e estradas sobrecarregados, além das mudanças na legislação que, visando uma maior segurança para os motoristas, acabaram encarecendo as operações e aumentando o tempo das viagens. "São mudanças necessárias, mas que impactaram sensivelmente nas planilhas de custos das empresas", afirma o diretor técnico executivo da NTC&Logística, Neuto Gonçalves dos Reis.
Segundo ele, a maior parte das empresas consegue apenas 2% de rentabilidade sobre as vendas proporção considerada muito baixa para a atividade. Por isso, inclusive, segundo a associação, a média do endividamento das transportadoras chega a 60% do capital da empresa, enquanto o saudável seria um patamar de 35%.
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