Economista líder do Fórum Econômico Mundial diz que custo de capital no Brasil é “bastante alto”.| Foto: reprodução/Fórum Econômico Mundial
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O economista Espen Mehlum, um dos líderes do Fórum Econômico Mundial, vê que o Brasil pode ter um grande desafio pela frente na pretensão de liderar a transição energética no mundo, como deseja o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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Ele esteve nesta semana participando da terceira reunião do grupo de trabalho de transições energéticas do G20, em Belo Horizonte. O Brasil preside o grupo neste ano e tem na transição dos combustíveis fósseis para matrizes limpas uma das principais bandeiras de atuação.

Mehlum vê que o Brasil tem grande potencial para participar ativamente da transição energética no mundo, com uma grande importância “tanto na América Latina como globalmente”. No entanto, diz, pode esbarrar em dificuldades financeiras para implementar o que deseja.

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“Um desafio específico do Brasil é o custo de capital ser bastante alto. E por que isso importa? Porque a transição energética precisa de enormes investimentos. Trilhões de dólares de investimentos globalmente. Bilhões também no Brasil”, disse em entrevista à Folha de São Paulo publicada nesta quinta (13).

As dificuldades econômicas são reconhecidas pelo próprio governo brasileiro, que defende a exploração do petróleo para financiar a transição energética no país. Isso inclui a desejada extração na Margem Equatorial, que tem na região da foz do Rio Amazonas um dos principais alvos – e que está sob forte embate interno entre os ministérios de Minas e Energia e do Meio Ambiente.

Lula voltou a ressaltar a importância da exploração do petróleo e a liderança da transição energética durante um fórum na quarta (12) com líderes empresariais estrangeiros – entre eles da Arábia Saudita – afirmando que os investimentos deles “são muito bem-vindos” para financiar as ações.

Além dos altos custos que a transição energética impõe, Mehlum vê ainda outra barreira para a liderança do Brasil: o isolamento de comunidades na região amazônica. Para ele, a necessidade dos povos de utilizar “geradores a diesel com ruído e poluição” é um desafio.

“Há um desafio para garantir que essas comunidades possam ter acesso a energia limpa”, pontuou.

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Vantagens apesar das dificuldades

Apesar de apontar as dificuldades para liderar a transição energética, o representante do Fórum Econômico Mundial salientou que o Brasil é forte em três pontos que representam um avanço nesta questão: matriz energética limpa; biocombustíveis, como o etanol; e instituições como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e o próprio Ministério de Minas e Energia.

“Há muito a aprender com o Brasil. Eles [outros países] não podem copiar e colar, porque cada um tem diferentes recursos naturais, sistemas políticos. Mas existem algumas políticas que o Brasil fez que outros já aprenderam e podem aprender”, disse.

Ele citou, por exemplo programas como o de biocombustíveis, os leilões de energia renovável realizados em 2004, avanço no uso de fontes como solar e eólica, o programa “Luz para Todos”, entre outros.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]