Depois de aumentar duas vezes o valor da sua oferta para a aquisição da americana Chiquita Brands maior produtora de bananas do mundo, que também atua no processamento e distribuição de outras frutas o consórcio formado pelos grupos brasileiros Cutrale e Safra conseguiu um importante avanço na negociação. Diante da disposição dos brasileiros de pagar US$ 14,50 por ação, os acionistas da Chiquita, reunidos em assembleia, em Charlotte (EUA), onde fica a sede da companhia, decidiram ontem rejeitar o acordo de fusão que a direção da empresa havia firmado com a irlandesa Fyffes.
No mesmo comunicado em que informava sobre o fim das tratativas com a Fyffes, o presidente da Chiquita, Edward F Lonergan, anunciou que a empresa passaria a "conversar com a Cutrale/Safra sobre a nova oferta". Se concluírem a aquisição, a Cutrale e o Safra deverão desembolsar cerca de US$ 660 milhões para comprar as ações em circulação da Chiquita.
Como a proposta inclui a incorporação das dívidas da empresa, de US$ 632 milhões, o valor total da transação chegaria a US$ 1,3 bilhão o equivalente a aproximadamente 12,5 vezes o lucro operacional (Ebitda) da companhia, que foi de US$ 118 milhões em 2013.
A Chiquita negociava a fusão com a irlandesa Fyffes desde março, e a união das duas companhias era defendida pelo Conselho de Administração da empresa. Mas a proposta de pagar em dinheiro US$ 14,50 por ação falou mais alto aos acionistas, que votaram contra o que conselho e os executivos defendiam ser o melhor para a empresa.
Aquisição
A Cutrale é um dos maiores produtores mundiais de suco de laranja, mas há alguns anos o grupo vem diversificando seus negócios, como estratégia para fazer frente à estagnação do mercado de suco nos últimos anos. Além da laranja, as operações da Cutrale hoje envolvem também a produção e o processamento de soja, maçã, pêssego e limão. Já o Safra entra no negócio como o braço financeiro da Cutrale.
"A Chiquita é uma das maiores empresas de frutas do mundo e tem algo que a Cutrale não tem, que é a marca, a mais conhecida do mercado de frutas em todo o mundo", diz Marcos Fava Neves, professor de estratégia da Faculdade de Economia e Administração da USP.
Outro importante trunfo estratégico da aquisição da Chiquita é o acesso ao varejo dos principais mercados mundiais. "A Chiquita está presente em mais de 70 países e, além da marca, a Cutrale compraria acesso aos principais supermercados do mundo. É um passo estratégico muito interessante", explica Neves.
Procurados pela reportagem, Cutrale e Safra informaram ontem que não iriam se pronunciar.
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