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CVM mira “guerra” de corretoras

Maria Helena Santana, presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) | Gil Cohen Magen/ Reuters
Maria Helena Santana, presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) (Foto: Gil Cohen Magen/ Reuters)

A guerra travada entre as corretoras para baixar o preço da corretagem será acompanhada de perto pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão regulador do mercado de capitais brasileiro. O objetivo é evitar a precarização na qualidade do atendimento. O órgão já encerrou o processo de audiência pública sobre o assunto e estuda editar uma norma nos próximos dias.

Segundo a presidente da CVM, Maria Helena Santana, a maioria das corretoras que baixa muito a taxa de corretagem fica despreparada para atender o volume grande de clientes atraídos pelo preço. "Temos notado um crescimento do número de queixas e de experiências negativas por parte dos clientes, o que não se pode admitir", afirma.

A proposta da CVM não é de regular preço, e sim a conduta dos participantes, o tipo de tratamento dado ao cliente, o que podem ou não fazer e como devem se estruturar. "Neste campo a gente pode atuar e atua", garante Maria Helena.

A medida agrada parte do mercado, que considera essa disputa de preços "desleal" e prejudicial ao amadurecimento do mercado de ações no Brasil. A avaliação é de que o investidor iniciante, que começa a investir na bolsa sem conhecimento, atraído pelas promoções, acaba tendo prejuízos financeiros pela falta de conhecimento. "Existe um movimento desenfreado de barateamento das tarifas, o que compromete o investimento no longo prazo. Algumas corretoras trabalham de forma agressiva, mas os investidores entram sem qualquer orientação", critica o diretor executivo da Omar Camargo Investimentos, Omar Camargo Neto.

Mário Almeida, consultor financeiro da Axiom Educacional, acredita que a regulação pode ajudar o investidor, mas não deve afetar a disputa de preços. "Essa briga não terá fim. Ela chegou muito cedo ao Brasil, é uma guerra de mercado, mas não tem efeito para atrair investidores para a bolsa", avalia. "As corretoras baixam o preço para, como dizemos, ‘pescar no aquário’. O número de investidores pessoas físicas tem oscilado muito pouco nos últimos anos e essa estratégia visa atrair um tipo específico de investidor, mais qualificado, que opera grandes volumes em um único dia", diz.

Para o consultor, quem precisa de assessoria para investir não pode pensar em custo de corretagem. "Já quem está preocupado com o preço tem de ter conhecimento e uma grande carga de informação para poder operar sozinho", completa.

A gerente comercial da filial Curitiba da Ativa Corretora de Valores, Laurita Utrabo, diz que a empresa adotou como estratégia não entrar nessa "guerra de preços". "Temos o mesmo valor de homebroker desde 2005. Buscamos mostrar o diferencial de serviços dando suporte de informações da área de análise de empresas, orientações, relatórios, ferramentas de assessoria por redes sociais e atendimentos individualizados", afirma.

Ela entende que há no mercado espaço para corretoras que atendam a todos os perfis de investidores. "Mas as coisas vão se encaminhando para que as mais sérias permaneçam. Há uma perspectiva de consolidação do setor, com fusões e aquisições. Deve haver uma depuração no futuro", prevê.

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