A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) vai exigir das companhias de capital aberto informações mais abrangentes sobre o uso dos chamados derivativos nos balanços relativos ao terceiro trimestre deste ano. Trata-se de uma reação ao anúncio de empresas que tiveram prejuízos bilionários com apostas na manutenção do dólar baixo e que sofreram com o "salto" na cotação da moeda norte-americana nas últimas semanas.
Entre as que perderam e já anunciaram o tamanho do prejuízo estão Votorantim (R$ 2,2 bilhões), Aracruz (R$ 1,95 bilhão) e Sadia (R$ 760 milhões). São companhias que recebem grande volume de dólares por meio de exportações e que utilizam o mercado de derivativos para se proteger contra variações bruscas da moeda americana.
Diante de um cenário anterior de forte queda da cotação do dólar, e estimuladas por instrumentos financeiros que proporcionavam lucros expressivos, parte dessas empresas passou a apostar no "dólar fraco" no mercado futuro. Com a virada na cotação, tiveram perdas expressivas. Especialistas estimam que as perdas totais podem chegar a R$ 40 bilhões.
A deliberação 550 da CVM, editada hoje, que prevê o detalhamento das operações com derivativos, só será aplicável ao balanço encerrado em 30 de setembro. As empresas que já enviaram à CVM as informações trimestrais terão que reapresentá-las, com as adaptações necessárias, até o dia 14 de novembro.
Vítimas
A Aracruz foi uma das primeiras vítimas brasileiras da crise financeira global a anunciar seu balanço trimestral. A companhia revelou um prejuízo líquido de R$ 1,642 bilhão no terceiro trimestre deste ano, ante um lucro líquido de R$ 260,9 milhões em idêntico período em 2007. A Votorantim Celulose e Papel (VCP), por sua vez, informou que obteve prejuízo de R$ 586 milhões no trimestre, ante lucro de R$ 278 milhões no mesmo período do ano passado. Ambas foram seriamente prejudicadas pelas perdas financeiras com derivativos cambiais.