Ninguém sabe exatamente quantos agricultores continuam atuando no Paraná. Pelos dados reprojetados nos últimos anos, estima-se que eles passam de 300 mil. O governo do estado divulga que são 350 mil. A Federação dos Trabalhadores e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná (Fetaep) e a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) usam números que vão de 320 a 350 mil. Os técnicos dessas organizações dizem que não se trata de contrapor avaliações, mas sim de falta de referência. Todos concordam que mais de 80% são pequenos produtores, com áreas de menos de 50 hectares.
Não está descartada a possibilidade de redução drástica no número de produtores rurais. Os dados do IBGE divulgados em 1996 mostraram que, em uma década, o Paraná tinha perdido 100 mil agricultores, lembra Gilda Bozza, economista da Faep. O Paraná tinha 369 mil estabelecimentos agrícolas naquela época. "A globalização e a abertura de mercado aumentou a competitividade, dificultando a atividade agrícola", explica. Esse fatores se acentuaram nos últimos dez anos.
Em sua avaliação, as propriedades agrícolas do Paraná que em 1995 tinham em média 23,8 hectares, segundo o IBGE precisam mudar de atividade. Cada vez mais, a soja e o milho mostram-se viáveis apenas para grandes áreas, considera. "A reconversão tem funcionado principalmente com a produção de leite, legumes, verduras, alimentos orgânicos e flores", relata Gilda.
Para a economista, o fato de o produtor estar envelhecendo sozinho na propriedade não é novidade. "Isso ocorreu nos Estados Unidos e na Europa. Os filhos estudam e vislumbram uma outra vida."
O censo do IBGE vai revelar que faltam programas que viabilizem a agricultura, afirma o secretário-geral e diretor de Políticas Agrícolas da Fetaep, Mário Plesk. Em sua avaliação, o jovem dos anos 80 saía do campo porque não tinha energia elétrica em casa, não dispunha de aparelhos eletrônicos ou diversão. "Hoje, ele tem praticamente tudo no sítio, mas continua sonhando em sair do campo."
O êxodo não é mais uma "ação desenfreada", pondera, mas "os programas que tentam manter o jovem no campo são claramente deficitários". Ele frisa que não é só o jovem que deixa o campo. "Alguns penduram as chuteiras por causa da idade, outros pelo desespero provocado pela baixa renda." Plesk acredita que o Paraná perdeu cerca de 50 mil agricultores na última década. (JR)
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