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Inovação express

De casa nova, Cubo Itaú quer acelerar conexões na “parte de cima” da cadeia de startups

Novo prédio do Cubo fica na Vila Olímpia, em São Paulo, a cerca de 500 metros do anterior. | Divulgação
Novo prédio do Cubo fica na Vila Olímpia, em São Paulo, a cerca de 500 metros do anterior. (Foto: Divulgação)

Gerar conexões. Foi com este espírito que o espaço Cubo abriu suas portas, para abrigar startups e grandes empresas em um mesmo coworking. Três anos depois e de mudança para uma sede nova, o local já recebeu a visita de cerca de 400 das 500 maiores empresas do país, além de investidores brasileiros que estão de olho na inovação brasileira. A palavra-chave vem do inglês “serendipity”, traduzido livremente no Cubo como “serendipidade”.

“Serendipidade significa: os encontros orgânicos que acontecem no espaço”, explica o diretor do Cubo Itaú, Flavio Pripas.

Nomeado como uma das 100 pessoas mais criativas nos negócios em 2012 pela renomada revista FastCompany, Pripas e a head de startups do Cubo, Renata Zanuto, conversaram com exclusividade com a Gazeta do Povo sobre o ecossistema de inovação brasileiro — e que papel o coworking pode cumprir nessa história. O sentimento é de otimismo.

O prédio de 14 andares, na Vila Olímpia, em São Paulo, vai abrigar 210 startups e 40 parceiros. A Gazeta do Povo é um deles — será o único veículo de imprensa residente no local. “A expectativa é multiplicar por quatro o número de pessoas que circulam por ali todos os dias (chegando a 2.400), o que, por si só, aumenta a possibilidade de “eventos, encontros, networking e de serendipidade para as startups e para o ecossistema”, avalia Zanuto.

Os tais “encontros orgânicos” são conversas de corredor, conexões que ocorrem meio ao acaso/de forma oportuna entre algumas destas 2.400 pessoas que transitam por ali. Algumas de forma fixa, nas empresas que têm escritório no local; e outras, temporária, em visitas ou eventos, como palestras e oficinas que ocorrem diariamente no local.

Mas a grande vocação do espaço está em agir na “parte de cima” da cadeia de startups. “A gente preenche uma lacuna de mercado que é ajudar startups exatamente neste momento em que elas precisam de clientes”, quando o produto já está rodando, no mercado, mas a startup precisa “ganhar escala”, explica Renata Zanuto.

Todos os dias, altos executivos de grandes empresas do país todo passam pelo Cubo — iniciativa que é liderada pelo banco Itaú e pela gestora Redpoint eventures, especializada em investimento em startups — para estar em contato com as startups, gerar negócios e encontrar práticas de transformação cultural e digital para levar para suas corporações. 

Pesa a credibilidade que a aprovação no crivo do Cubo dá ao mercado. As startups passam por um processo seletivo e pela inquisição de um conselho de especialistas.

Brasil “chegou lá”

Hoje é possível afirmar, sem margem para dúvidas, que o Brasil tem todos os componentes para que o ecossistema de inovação funcione, avalia Flavio Pripas.

“Boas startups com bons empreendedores, investidores, talentos sendo gerados nas universidades (ou até mesmo oriundos de outras empresas). E temos até grandes empresas abrindo as portas para trabalhar com startups”, resume o executivo.

É um processo de maturação natural, que levou seu tempo. Há 10 anos, a qualidade dos empreendedores, empreendimentos e até das conversas com investidores não era a mesma de hoje. Em 2015, quando o Cubo começou a funcionar, as grandes empresas ainda não olhavam as startups como um caminho para a inovação, da forma como ocorre hoje. Este encontro entre o “velho” e o “novo” é um desafio, e não por acaso.

“Todo processo na empresa estabelecida é feito para diminuir risco. E quando a gente fala de inovação e de startup, é justamente sobre risco. Em teoria são dois mundos que não se conversam”, explica Pripas. “O que a gente faz aqui é tentar quebrar um pouco desta barreira”.

O contexto ajuda. De cinco anos para cá, mais ou menos, o Brasil vive um boom de startups no segmento chamado B2B, do inglês “business-to-business, ou seja, de empresas que focam em fazer negócios com outras empresas. As ideias surgidas no ciclo anterior, entre 2008 e 2013, eram mais focadas em oferecer produtos ou serviços para consumidor final (o chamado B2C, ou “business-to-consumer”).

Conceito de startup

É um fenômeno que pode ser explicado pelo próprio conceito de startup trabalhado pelo Cubo. Diferente do que muita gente (ainda) pensa, startup não é uma empresa “que está começando”, nem coisa de “gente jovem”.

“A startup é uma empresa que resolve um problema real, do mundo real, com uma solução que tem possibilidade de escala. E usa a tecnologia para resolver um problema efetivo do mercado”, classifica Pripas.

A recessão econômica brasileira pode ter acelerado o ciclo B2B das startups, já que muitas soluções que aumentam a eficiência das grandes empresas ganharam espaço neste período.

O que põe por terra outro mito, de que o futuro das startups é extirpar as corporações tradicionais. Isso até pode ocorrer, “se você tem uma empresa grande, estabelecida, que se baseia em alguma ineficiência do mercado”, e aí uma startup que resolve esta ineficiência pode te substituir. Mas a sinergia que muitas grandes corporações têm estabelecido com startups mostra que há há muito espaço para cooperação.

Um ator entre vários deste universo, o Cubo sabe que precisa de gente atuando em diferentes etapas para a engrenagem funcionar. Nas palavras de Renata Zanuto, que no Cubo é responsável pelas conexões entre startups e universidades, investidores e grandes empresas: “Hoje tem iniciativas que agem quando as pessoas têm ideias. Depois, da ideia até a aceleração, a chegada ao mercado. A nossa é complementar a todas as outras: é o momento em que a gente coloca o cliente na frente da startup. E trabalhamos para cada vez mais dar suporte aos empreendedores”.

Gazeta do Povo terá estúdio com programação diária dentro do Cubo

Apesar de quase centenária, a Gazeta do Povo se reinventou e se transformou no último ano ao apostar em um modelo de serviços e negócios digitais, impactando o público que busca informação online de qualidade e ganhando destaque nacional em curto período de tempo. Por isso, é uma das empresas que compartilhará o espaço da nova sede do Cubo. “É como se estivéssemos começando novamente, assim como a grande maioria das startups presentes”, destaca o executivo Guilherme Vieira, diretor de Negócios Digitais e Multiplataforma da Gazeta do Povo.

A presença do jornal com sede em Curitiba deverá fortalecer o ecossistema do Cubo. Segundo Vieira, a empresa tem como premissa de entrada o potencial de ajuda mútua entre os participantes, fomento de novos negócios, produtos e serviços, parcerias operacionais e tecnologias, bem como o amadurecimento de conhecimentos e mindsets de governança na nova economia digital. 

Para o advisor da Gazeta do Povo, Anderson Godzikowski, o espaço irá multiplicar o impacto de novos e transformadores negócios no Brasil e é de grande relevância para a Gazeta do Povo ser parte deste propósito. “A empresa acredita que cidadãos bem informados são pilares desta transformação e a nova economia é a melhor forma para ampliar alcances em escala.”

De imediato, revela Vieira, a Gazeta do Povo irá transferir o estúdio de vídeo que tem em São Paulo para o novo prédio do Cubo. Nele, serão produzidos conteúdos próprios, como o programa A Protagonista, da jornalista Madeleine Lacsko, e tudo o que estiver acontecendo no ecossistema das startups. 

“Reforçaremos nosso olhar editorial sobre a evolução da nova economia onde ela está acontecendo e forneceremos know-how e estrutura de produção para os parceiros do Cubo. A expectativa é que nossa participação em um ambiente onde muitos novos negócios digitais atuam em estágios iniciais, possa gerar e acelerar novos caminhos para a Gazeta do Povo.” O novo prédio do Cubo receberá ainda a equipe de negócios do jornal paranaense que atua em São Paulo.

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