Londrina - A ampliação do crédito para o setor rural a ser oficializada hoje pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no lançamento do Plano Agrícola e Pecuário (PAP), em Londrina compõe a estratégia do governo para aquecer a economia e melhorar o saldo da balança comercial. O governo espera, ainda no segundo semestre, colher os primeiros efeitos da injeção de R$ 107,5 bilhões em financiamentos para a safra 2009/10, disseram ontem os ministros do Planejamento, Paulo Bernardo, e da Agricultura, Reinhold Stephanes. O valor é 37,82% maior que os R$ 78 bilhões oferecidos no ciclo passado, e que não foram usados totalmente.
Os dois ministros deram detalhes do plano ontem, em Londrina, em antecipação à chegada de Lula. "O agronegócio representa um terço da economia e é responsável todo ano pelo superávit da balança comercial, cobrindo o déficit dos outros setores", argumentou Stephanes. Em sua avaliação, mesmo que o Brasil plante a mesma área do último ano, a produção agrícola deve crescer de 5% a 8%, se não houver nova seca e a produtividade continuar aumentando, chegando a cerca de 142 milhões de toneladas.
"Considerando essa previsão, o setor vai dar uma boa contribuição para melhorar a economia", avaliou o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Nos cinco primeiros meses do ano, a balança comercial do agronegócio foi 12,49% inferior à do mesmo período do ano passado, com superávit de US$ 19,73 bilhões. O quadro favoreceu a pressão do setor agropecuário por mais recursos. Dos R$ 107,5 bilhões, R$ 92,5 bilhões vão para a agricultura comercial e R$ 15 bilhões para a familiar.
O investimento do governo é na equalização de juros. Segundo Paulo Bernardo, "será aplicado R$ 1,7 bilhão, 40% a mais que no último ano". A expectativa é que a balança comercial geral tenha saldo pelo menos parecido com o do ano passado, que foi de US$ 24,74 bilhões.
Mudanças
O governo tomou algumas precauções para fazer com que o dinheiro chegue aos agricultores. Uma delas foi ampliar de R$ 2,5 bilhões para R$ 5 bilhões os recursos do Proger Rural. Neste programa, o juro é de 6,25% ao ano, meio ponto porcentual abaixo do juro padrão. "Os bancos serão obrigados a repassar 100% desses recursos", disse Stephanes. O limite do faturamento dos agricultores que podem acessar esses recursos foi ampliado de R$ 250 para R$ 500 mil. "Mais produtores poderão acessar esses recursos, principalmente no Paraná. As pequenas e médias propriedades, que têm renda nesta faixa, predominam aqui", disse o secretário estadual da Agricultura, Valter Bianchini, que também participou da apresentação.
Stephanes disse que o acesso dos produtores endividados aos recursos deve ser mais fácil. Ele afirmou que os bancos estão sendo monitorados, para que não imponham restrições exageradas. "99% dos agricultores inadimplentes devem porque a safra quebrou ou porque os preços caíram muito em relação aos custos", argumentou.
O presidente da Sociedade Rural do Paraná, Alexandre Kireeff, disse que o PAP vai estimular a produção. "O plano estimula o uso de áreas de pastagens na agricultura. Além disso, o limite de financiamento por produtor também está sendo ampliado. Numa avaliação que considera os preços no mercado internacional, o produtor tende a plantar mais."