O dólar registrou a terceira alta seguida ante o real nesta sexta-feira (17), afastando-se do nível de R$ 1,70, reação a ajustes de posições no mercado futuro, em meio a temores com uma crise de dívida na Europa. A moeda norte-americana subiu 0,76%, e fechou a R$ 1,715 na venda. Na semana, a cotação ficou estável, enquanto que em dezembro registra apenas oscilação positiva de 0,06%.
"Os estrangeiros têm diminuído a posição vendida (em dólar) nos últimos dias, o que reflete alguma cautela desses investidores em manter uma exposição como essa muito elevada", afirmou Alfreado Barbuti, economista da BGC Liquidez.
De acordo com dados da BM&FBovespa, os investidores não-residentes sustentavam na véspera cerca de US$ 11 bilhões em posições vendidas nos mercados de dólar futuro e cupom cambial (DDI), uma redução de US$ 2 bilhões em quatro dias. Os bancos, por outro lado, mantinham exposição líquida comprada em torno de US$ 8,5 bilhões, também mostrando redução na comparação com o início da semana.
Na prática, posições vendidas expressam apostas na desvalorização do dólar.
"Esses ajustes tanto de estrangeiros quanto de bancos deve servir como mais um elemento de volatilidade, principalmente com a aproximação do final do ano", completou Barbuti.
O mercado seguia atento aos desdobramentos da crise de dívida na Europa. No mais recente revés à zona do euro, a Irlanda teve sua nota de crédito rebaixada em cinco degraus pela Moody's, com a agência de classificação de risco alertando que mais cortes poderão ocorrer caso Dublin não tenha êxito na estabilização de suas finanças.
Europa
Para o operador de uma corretora em São Paulo, que pediu anonimato, o mercado de câmbio doméstico deve continuar atrelado aos indicadores externos, principalmente aos problemas na Europa.
"Além disso, o final de ano está aí e já tem muito investidor saindo de cena. Isso pode sim aumentar a volatilidade, ainda mais que dezembro é naturalmente um período de saídas de recursos, por conta da remessa de lucros", afirmou.