![De recicladora de cartuchos à empresa de 3 mil produtos, Multilaser quer entrar na Bolsa Fábrica da Multilaser em Extrema (MG). | Multilaser/Divulgação](https://media.gazetadopovo.com.br/2018/06/0a29ac67525ff08a0c8519c56fa44eab-gpLarge.jpg)
Em 1987, o engenheiro Israel Ostrowiecki fundou a Multilaser, uma pequena empresa de reciclagem de cartuchos para impressoras, novidade no país e na América Latina. Rapidamente a empresa se tornou referência no ramo, mas uma fatalidade fez com que os rumos do negócio mudassem: em 2003, o empresário se aventurou um mergulho arriscado na Costa Rica, onde desapareceu.
Com apenas 24 anos na época, foi seu filho, Alexandre Ostrowiecki, quem ficou responsável por tocar a empresa a partir dali. Para ajudá-lo, ele convidou um amigo de infância, Renato Feder, e os dois se tornaram “co-CEOs” de um negócio que, na época, rendia pouco menos de R$ 30 milhões por ano. “Sempre foi uma ambição construirmos uma grande empresa. Nessa busca, fomos identificando novos negócios, lançando produtos, aumentando a equipe de vendas e melhorando a qualidade”, conta Ostrowiecki.
De recicladora de cartuchos a uma empresa com mais de três mil produtos em seu portfólio, foram 15 anos. Atualmente, a Multilaser está presente em mais de 40 mil pontos de vendas em todo Brasil e o faturamento bruto, em 2017, chegou a R$ 1,7 bilhão. No primeiro semestre de 2018, o faturamento já é 42% maior que no mesmo período do ano passado.
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A Multilaser registrou, em maio, pedido para a abertura de capital (IPO, na sigla em inglês). Estima-se que o valor de mercado da empresa quando estrear na Bolsa possa chegar a mais de R$ 4 bilhões. Segundo informações do jornal O Estado de São Paulo, porém, a oferta, que deveria se consolidar em julho, foi adiada e o motivo seria a volatilidade do mercado, que aumentou ao longo do último mês.
Importar ou fabricar?
Quando perceberam que o negócio familiar de reciclagem de cartuchos estava sendo sufocado aos poucos por gigantes como Epson e HP, os sócios tiveram a certeza de que era preciso diversificá-lo para sobreviver. Os primeiros passos para a diversificação se deram pela importação de produtos, especialmente da China.
Em 2004, a Multilaser lançou sua linha de informática, focada em acessórios como mouses, teclados, CDs, DVDs e cartuchos de impressão. Dois anos depois, em 2006, os aparelhos eletrônicos passaram a fazer parte do portfólio. Foram lançados aparelhos de som, acessórios para notebook, MP3 players, câmeras digitais e players de vídeo portáteis (os “MP4”).
Apesar da importância da importação naquele momento, a Multilaser resolveu investir em fabricação própria e, em 2007, inaugurou o Complexo Industrial de Extrema (MG). Atualmente, boa parte dos produtos são fabricados no Brasil, como celulares, tablets e pen-drives. A produção local responde por 60% do faturamento da empresa.
A importação da China, no entanto, continua forte na empresa. Para garantir a qualidade, a Multilaser possui um laboratório em Shenzen, na China, onde equipes de engenheiros especializados realizam testes com os produtos que serão importados.
Marcas
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Além da marca Multilaser, que abarca quatro categorias (Automotivo, Home – gourmet, saúde, beauty e portáteis, Informática e Mobile), a empresa criou outras marcas a fim de diferenciar seus produtos por nichos de consumidores. São elas: Atrio, voltada a produtos esportivos como acessórios para bicicletas e ciclistas, monitores de atividades, acessórios para corrida e até skates e karts elétricos; Pulse, focada em acessórios de som, como fones de ouvidos e caixas de som; Giga, com produtos para segurança, como câmeras, controladores de acesso e sensores; e Multikids e Multikids Baby, que vendem de mamadeira e babá eletrônica a brinquedos e bichos de pelúcia.
O público-alvo da Multilaser, no entanto, não muda, segundo Ostrowiecki. “Sempre foi as classes C e D, o que varia são características de nicho, como por exemplo idade. Mas nosso objetivo principal é vender produtos de qualidade a um preço competitivo”, diz.
Segundo o empresário, as três principais linhas de produtos, em termos de vendas, são as memórias, os smartphones e os acessórios para computador. “Mas como nosso portfólio é muito diversificado, não são linhas que dominam completamente as vendas”, explica.
E quando se fala em diversidade de produtos, o assunto é sério: a Multilaser tem lançado uma média de 500 novos produtos por ano, nas mais diferentes categorias.
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Para 2018, Ostrowiecki conta que uma nova linha de smartphones será lançada próximo ao Natal, além de uma nova linha de computadores Multilaser e também do lançamento de uma linha profissional de roteadores, para uso em grandes espaços,como shopping centers e indústrias. A grande novidade de 2018, porém, deve ser o lançamento da primeira linha de televisores Multilaser, a princípio Smart TVs de 43 polegadas.
Para dar conta do recado, os dois CEOs se dividem. Enquanto o primeiro fica com a parte operacional, o segundo cuida das vendas e do financeiro. “São perfis complementares, o que ajudou a empresa a crescer”, conta Ostrowiecki.
Como fazer uma empresa crescer cinquenta vezes em 15 anos? “Acho que o sucesso veio, em primeiro lugar, pela agilidade no lançamento de produtos. Depois, a preocupação com a qualidade e o investimento na força de vendas”, responde.
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