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De recicladora de cartuchos à empresa de 3 mil produtos, Multilaser quer entrar na Bolsa

Fábrica da Multilaser em Extrema (MG). | Multilaser/Divulgação
Fábrica da Multilaser em Extrema (MG). (Foto: Multilaser/Divulgação)

Em 1987, o engenheiro Israel Ostrowiecki fundou a Multilaser, uma pequena empresa de reciclagem de cartuchos para impressoras, novidade no país e na América Latina. Rapidamente a empresa se tornou referência no ramo, mas uma fatalidade fez com que os rumos do negócio mudassem: em 2003, o empresário se aventurou um mergulho arriscado na Costa Rica, onde desapareceu.

Com apenas 24 anos na época, foi seu filho, Alexandre Ostrowiecki, quem ficou responsável por tocar a empresa a partir dali. Para ajudá-lo, ele convidou um amigo de infância, Renato Feder, e os dois se tornaram “co-CEOs” de um negócio que, na época, rendia pouco menos de R$ 30 milhões por ano. “Sempre foi uma ambição construirmos uma grande empresa. Nessa busca, fomos identificando novos negócios, lançando produtos, aumentando a equipe de vendas e melhorando a qualidade”, conta Ostrowiecki.

De recicladora de cartuchos a uma empresa com mais de três mil produtos em seu portfólio, foram 15 anos. Atualmente, a Multilaser está presente em mais de 40 mil pontos de vendas em todo Brasil e o faturamento bruto, em 2017, chegou a R$ 1,7 bilhão. No primeiro semestre de 2018, o faturamento já é 42% maior que no mesmo período do ano passado.

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A Multilaser registrou, em maio, pedido para a abertura de capital (IPO, na sigla em inglês). Estima-se que o valor de mercado da empresa quando estrear na Bolsa possa chegar a mais de R$ 4 bilhões. Segundo informações do jornal O Estado de São Paulo, porém, a oferta, que deveria se consolidar em julho, foi adiada e o motivo seria a volatilidade do mercado, que aumentou ao longo do último mês.

Importar ou fabricar?

Quando perceberam que o negócio familiar de reciclagem de cartuchos estava sendo sufocado aos poucos por gigantes como Epson e HP, os sócios tiveram a certeza de que era preciso diversificá-lo para sobreviver. Os primeiros passos para a diversificação se deram pela importação de produtos, especialmente da China.

Em 2004, a Multilaser lançou sua linha de informática, focada em acessórios como mouses, teclados, CDs, DVDs e cartuchos de impressão. Dois anos depois, em 2006, os aparelhos eletrônicos passaram a fazer parte do portfólio. Foram lançados aparelhos de som, acessórios para notebook, MP3 players, câmeras digitais e players de vídeo portáteis (os “MP4”).

Apesar da importância da importação naquele momento, a Multilaser resolveu investir em fabricação própria e, em 2007, inaugurou o Complexo Industrial de Extrema (MG). Atualmente, boa parte dos produtos são fabricados no Brasil, como celulares, tablets e pen-drives. A produção local responde por 60% do faturamento da empresa.

A importação da China, no entanto, continua forte na empresa. Para garantir a qualidade, a Multilaser possui um laboratório em Shenzen, na China, onde equipes de engenheiros especializados realizam testes com os produtos que serão importados.

Marcas

Além da marca Multilaser, que abarca quatro categorias (Automotivo, Home – gourmet, saúde, beauty e portáteis, Informática e Mobile), a empresa criou outras marcas a fim de diferenciar seus produtos por nichos de consumidores. São elas: Atrio, voltada a produtos esportivos como acessórios para bicicletas e ciclistas, monitores de atividades, acessórios para corrida e até skates e karts elétricos; Pulse, focada em acessórios de som, como fones de ouvidos e caixas de som; Giga, com produtos para segurança, como câmeras, controladores de acesso e sensores; e Multikids e Multikids Baby, que vendem de mamadeira e babá eletrônica a brinquedos e bichos de pelúcia.

O público-alvo da Multilaser, no entanto, não muda, segundo Ostrowiecki. “Sempre foi as classes C e D, o que varia são características de nicho, como por exemplo idade. Mas nosso objetivo principal é vender produtos de qualidade a um preço competitivo”, diz.

Segundo o empresário, as três principais linhas de produtos, em termos de vendas, são as memórias, os smartphones e os acessórios para computador. “Mas como nosso portfólio é muito diversificado, não são linhas que dominam completamente as vendas”, explica.

E quando se fala em diversidade de produtos, o assunto é sério: a Multilaser tem lançado uma média de 500 novos produtos por ano, nas mais diferentes categorias.

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Para 2018, Ostrowiecki conta que uma nova linha de smartphones será lançada próximo ao Natal, além de uma nova linha de computadores Multilaser e também do lançamento de uma linha profissional de roteadores, para uso em grandes espaços,como shopping centers e indústrias. A grande novidade de 2018, porém, deve ser o lançamento da primeira linha de televisores Multilaser, a princípio Smart TVs de 43 polegadas.

Para dar conta do recado, os dois CEOs se dividem. Enquanto o primeiro fica com a parte operacional, o segundo cuida das vendas e do financeiro. “São perfis complementares, o que ajudou a empresa a crescer”, conta Ostrowiecki.

Como fazer uma empresa crescer cinquenta vezes em 15 anos? “Acho que o sucesso veio, em primeiro lugar, pela agilidade no lançamento de produtos. Depois, a preocupação com a qualidade e o investimento na força de vendas”, responde.

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