Entre os brasileiros que estão voltando, a maior parte é das áreas de engenharia e finanças e marketing ou porque o setor está desaquecido no país de expatriação ou porque está em plena expansão no Brasil. O engenheiro civil Paulo Garcez Beckert, de 44 anos, está desde fevereiro em Curitiba. Voltou depois de mais de uma década nos Estados Unidos. "Fui fazer MBA lá em 1994 e fui ficando. Trabalhei na construção de condomínios, fazendo toda a parte de aquisição de terrenos, tramitação nos órgãos públicos, etc. Com a crise de 2009 eu e muitos amigos, tanto brasileiros quanto americanos, ficamos sem emprego", conta.
Saindo dos EUA, Beckert tentou a sorte em Angola. "Fiquei por um ano e meio lá, mas é tudo muito difícil. As coisas não andam, a corrupção é grande e a fiscalização não existe", diz o engenheiro. "Sou cidadão americano e minha família esposa e dois filhos continua nos EUA. Se aparecer algo interessante fico no Brasil, mas, se em um ano ou dois os EUA voltarem a admitir, eu volto para lá."
Ao contrário de Beckert, o executivo da área de logística Guilherme Boscardin voltou para ficar. Ele morou no exterior por mais de cinco anos, depois de conseguir uma oportunidade na Procter & Gamble. "Cheguei a Londres sem nada certo, sozinho e sem conhecer muita gente, por isso meu foco foram mesmo as multinacionais. Quem tem o idioma e a vontade de tentar, de experimentar, acaba conseguindo algo. Meu passaporte italiano também ajudou bastante", explica.
Boscardin ficou dois anos e meio na capital britânica, além de um ano em Genebra, na Suíça, e seis meses em Frankfurt, na Alemanha. "A estadia em Genebra foi bem durante a crise, em 2009. Para mim foi um período de aprendizado, porque foi um momento de enxugar custos e estoques e, com isso, a área de logística ganhou importância."
Segundo o gerente regional da Hays, Cesar Rego, os profissionais que estão voltando se surpreendem com a disputa do mercado por eles. "Hoje, o executivo brasileiro é um dos mais bem remunerados do mundo. Cargos estratégicos, como os CEOs [executivos-chefes], foram bastante inflacionados pela disputa entre as empresas. O profissional vai aceitar uma posição fora do país pela experiência, pelo desafio ou pelo nível de responsabilidade, mas não pela remuneração em si".