O investidor pessoa física tem até 1º de dezembro para fazer a reserva de debêntures da BNDESPar, braço do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para participação em empresas privadas. O principal atrativo da emissão é a possibilidade de adquirir papéis pré-fixados, com vencimento em janeiro de 2014, a uma taxa aproximada de 11% ao ano a expectativa do mercado é que o país experimente nos próximos anos uma queda acentuada nas taxas de juros reais, o que torna muito atraente a possibilidade de garantir uma remuneração dessa ordem.
Debêntures são um tipo de título de renda fixa ou seja, elas pagam juros ao investidor emitido por empresas. Na maior parte dos casos, eles têm valor de investimento mínimo acima de R$ 10 mil ou então são destinadas apenas a investidores qualificados. No caso da BNDESPar, entretanto, a emissão tem como objetivo principal "contribuir para o desenvolvimento do mercado doméstico de capitais", conforme comunicado da própria empresa. Com isso, ficou definido que 35% dos papéis devem ficar com pessoas físicas. O valor global da emissão é de R$ 1,5 bilhão, com uma opção de ampliação em 35%. Assim, investidores de varejo podem ficar com algo entre R$ 525 milhões e R$ 708 milhões. O investimento mínimo é de R$ 1 mil.
É a quarta vez que a BNDESPar emite debêntures, sempre com uma "fatia" reservada para a pessoa física. As outras operações ocorreram em 2006, 2007 e 2009, e os valores foram, respectivamente, de R$ 600 milhões, R$ 1,35 bilhão e R$ 1,25 bilhão. Desta vez serão três séries de papéis: uma pré-fixada, cuja remuneração será definida conforme a demanda (quanto mais gente interessada, menor a taxa); e duas pós-fixadas. Destas, uma terá a rentabilidade atrelada à inflação do período, medida pelo IPCA esta é uma novidade em relação às outras emissões. A outra terá sua remuneração definida trimestralmente, a partir das taxas de juros de curto prazo. As duas primeiras têm vencimento em 1.º de janeiro de 2014; a terceira vence em 15 de janeiro de 2017.
Para Mário Roberto Almeida, da corretora Gradual Investimentos, há pouca diferença entre a operação deste ano e a do ano passado. O que mais as distingue é o momento por que o país está passando. "O mote do novo governo é derrubar os juros reais. Nesse ambiente, qualquer aplicação pré-fixada é um excelente negócio. Inclusive essas debêntures, que têm um risco baixíssimo", explica. A lógica é simples, e se baseia na expectativa de obter em torno de 11% ao ano com as debêntures pré-fixadas: se os juros brasileiros caírem para níveis compatíveis com a média internacional algo como 2% ou 3% ao ano até o início de 2014, os investidores terão ganhos muito superiores ao mercado simplesmente aderindo à oferta.
Na comparação com outras opções, as debêntures não desapontam. Provavelmente, terão retorno pouco acima dos juros da dívida do governo os 10,75% da Selic e dos CDBs dos bancos que pagam até 98% do CDI para pessoa física (10,5% ao ano). Outra vantagem dos títulos é não pagar taxa de administração dos fundos, que chegam a comer de 1% a 3% do valor integral da aplicação.
A principal desvantagem é a liquidez ainda reduzida para quem pretende resgatar a aplicação antes do prazo. "Na última oferta, havia a promessa de que as debêntures do BNDES tivessem liquidez diária, mas não foi o que aconteceu. Quem precisar vender antes do vencimento pode ter dificuldade ou terá que aceitar um deságio forte do banco. Para quem resgatar antes do vencimento ainda é melhor aplicar no Tesouro Direto", disse Ricardo Almeida, professor do Insper, em São Paulo. No Tesouro Direto, as taxas dos papéis são menores, mas o investidor pode vender os papéis toda quarta-feira.
Quem não quiser ficar com as debêntures até o vencimento poderá vendê-las a outro investidor por meio do Bovespa Fix (mercado de renda fixa da BM&F Bovespa), mas com deságio.