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Brasília – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que, se a Varig quiser um empréstimo do governo, terá que se dirigir ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) porque o Ministério da Fazenda não empresta dinheiro. Ele fez essa afirmação em resposta a uma pergunta de jornalistas se o governo ajudaria a companhia aérea com aporte de recursos.

Já o novo presidente da instituição, Demian Fiocca, limitou-se a afirmar: "Vamos tomar uma decisão técnica sempre dentro das regras de prudência bancária". Fiocca, ao ser novamente questionado se o Palácio do Planalto havia pedido uma atenção especial ao caso da Varig, repetiu que a decisão será técnica. Fiocca, porém, não confirmou nem desmentiu se há negociações entre o BNDES e a Varig porque, segundo ele, o BNDES não comenta casos específicos.

Fora do cargo

Ontem, pressionado por sindicatos e credores, o presidente da Varig, Marcelo Bottini, admitiu deixar o cargo de gestor interino da companhia aérea. A saída dele foi defendida por um conjunto de credores encabeçado pelo fundo de pensão Aerus (dos trabalhadores de empresas aéreas), além do TGV (Trabalhadores do Grupo Varig) e os sindicatos de aeroviários e aeronautas. Eles encaminharam o pedido de destituição à 8.ª Vara Empresarial da Justiça do Rio de Janeiro.

Esses credores afirmam que Bottini falhou na implementação do plano de recuperação judicial da empresa e que deve ser substituído imediatamente. "Isso é bom, esse trabalho me tomava muito tempo", afirmou Bottini. Segundo ele, a saída já era prevista com a definição do novo gestor e ele defende uma agilização do processo. Ontem em assembléia os credores escolheram o banco Brascan como gestor dos Fundos de Investimento e Participação (FIPs).

O pedido de destituição foi apresentado à Justiça após Bottini defender a proposta de capitalização da Varig feita pela VarigLog, sua ex-subsidiária para o transporte de cargas. A VarigLog afirma estar disposta a injetar até US$ 350 milhões na companhia aérea. Defende, entretanto, a demissão de cerca de 5 mil funcionários da empresa e a devolução de mais de 20 aeronaves.

Junto com o plano de enxugamento de custos, a proposta da VarigLog também inclui a reestruturação societária da companhia. A "nova Varig" ficaria com os ativos e a marca da empresa. Já a "velha Varig" permaneceria com as dívidas. Os credores, a quem a empresa deve cerca de R$ 7 bilhões, teriam apenas 5% da "nova Varig".

O presidente da Varig também negou ter enviado um e-mail dizendo que a companhia poderia parar "nas próximas horas". Ele disse que enviou apenas um e-mail com o objetivo de pedir uma audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva há cinco dias. Bottini disse que quer falar sobre o plano de recuperação e a atual situação financeira da empresa.

Bottini admitiu, no entanto, que a empresa tem um caixa "limitado", o que exige uma solução mais rápida para a crise financeira em que ela está envolvida. Os recursos oriundos de uma eventual linha de crédito serviriam para pagar fornecedores, a Infraero (empresa que administra aeroportos) e a BR Distribuidora.

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