Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Receita Federal

Decisão do STF dificultará fiscalização, afirma Cartaxo

O secretário da Receita Federal, Otacílio Cartaxo, alertou nesta quinta-feira (16) que o trabalho do Fisco será muito afetado pela decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de proibir quebra do sigilo bancário de contribuintes investigados sem a prévia autorização judicial. "Foi uma decisão desfavorável à Receita, que terá grande impacto na fiscalização", disse Cartaxo, que fez um balanço de quase duas horas da sua gestão à frente do órgão. Cartaxo será substituído no próximo governo pelo atual presidente do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), Carlos Alberto Barreto.

Cartaxo ressaltou que a Receita já havia perdido com o fim da cobrança da CPMF (o imposto sobre o cheque), um importante instrumento de fiscalização, que permitia o cruzamento de dados entre o rendimento declarado pelas empresas e pessoas físicas e a sua movimentação financeira. Para Cartaxo, com a decisão do STF, as fiscalizações da Receita serão mais demoradas. Ele informou que a Receita vai se reunir com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) para avaliar o que pode ser feito.

O STF recuou ontem de decisão tomada em novembro, quando a Corte concluiu que a Receita Federal podia quebrar o sigilo bancário de contribuintes investigados sem autorização judicial. A mudança de posição ocorreu durante o julgamento do mérito de um recurso movido pela empresa GVA Indústria e Comércio S/A. A decisão favorável à Receita tinha sido tomada no julgamento de uma liminar envolvendo essa mesma empresa.

O ministro Gilmar Mendes, que havia votado a favor da quebra de sigilo sem autorização judicial, mudou de posição. E o ministro Joaquim Barbosa, que também tinha se posicionado a favor do Fisco, não participou do julgamento. Com isso, o placar, que tinha sido de 6 a 4 a favor da Receita passou para 5 a 4 contra o Fisco.

A ministra Ellen Gracie chegou a pedir vista do processo. Ela observou que o placar poderia ser diferente do registrado no julgamento anterior, já que o ministro Joaquim Barbosa não participava da sessão. O pedido de vista adiaria a conclusão do julgamento. Mas, após discussões, a ministra resolveu votar.

O relator do recurso no STF, ministro Marco Aurélio Mello, baseou o seu voto no princípio constitucional da dignidade da pessoa. "É preciso resguardar o cidadão de atos extravagantes que possam, de alguma forma, alcançá-lo na dignidade", afirmou. Um dos votos mais enfáticos a favor da prévia autorização judicial para quebra de sigilos foi dado pelo decano do tribunal Celso de Mello. Ele já tinha votado dessa forma em novembro.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.