O presidente do Eurogrupo, o holandês Jeroen Dijsselbloem, disse que um acordo sobre a Grécia pode ser selado até o fim desta semana e não na reunião de líderes marcada para a noite desta segunda-feira (22).

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Os ministros de Finanças da zona do euro reuniram-se em Bruxelas numa espécie de prévia do encontro dos chefes dos 19 países que compõem o grupo. Todos discutem a nova proposta feita neste domingo (21) pela Grécia para impedir o calote de uma dívida de 1,6 bilhão de euros com o FMI (Fundo Monetário Internacional) que expira no dia 30 de junho.

Para quitá-la e manter a recuperação, a Grécia tenta desbloquear o acesso a 7,2 bilhões de euros, a última parte do socorro de 240 bilhões de euros recebido do FMI (Fundo Monetário Internacional) e BCE (Banco Central Europeu) desde 2010. Com o calote, crescerá a chance de a Grécia deixar a a zona do euro.

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Grécia apresenta proposta “razoável”, mas acordo final não deve sair nesta segunda

A proposta de reformas da Grécia entregue nesta segunda-feira (22) é um documento “razoável” que pode ser a base de uma discussão adequada e, embora um acordo final com Atenas seja improvável nesta segunda-feira, pode ser um avanço na direção de um acordo nos próximos dias, disseram autoridades.

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Segundo Dijsselbloem, o tempo é “curto demais” para as instituições credoras, FMI e BCE, fecharem um acordo com os gregos nesta segunda-feira. “A nova proposta da Grécia foi bem-vinda, é um passo positivo, mas devido ao curto espaço de tempo para analisá-la, um acordo pode ser feito no mais tardar da semana”, afirmou. De acordo com ele, uma nova reunião dos ministros de Finanças pode ocorrer até sexta-feira (26) para uma decisão.

O discurso dele vai na linha do da chanceler alemã, Angela Merkel. Ela deixou claro que o encontro de líderes desta segunda, em que ela estará, não deve selar um acordo, apesar da expectativa criada no fim de semana.”Há ainda vários dias na semana em que decisões podem ser tomadas”, afirmou.

Segundo a Reuters, um porta-voz do governo alemão disse em Berlim que não existe ainda uma “base” para se tomar uma decisão. “Sem tal base, esta segunda à noite só pode ser uma cúpula de consultas”, afirmou.

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Apesar do possível adiamento de um anúncio formal de um acordo, o discurso tem sido menos beligerante de ambos os lados. Espera-se que os líderes do bloco façam nesta segunda-feira ao menos um aceno político favorável a uma solução.

‘Acordo é viável’

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, afirmou nesta segunda que aposta em um acordo “viável”. “Essa é a hora para uma solução viável e substancial que permita à Grécia voltar ao crescimento na zona do euro com justiça social”, disse, em Bruxelas.

Eleito em janeiro sob o discurso contrário à austeridade dos governos anteriores, o primeiro-ministro grego vinha resistindo e negando nova oferta. Diante do tempo que se esgota, ele conversou no fim de semana por telefone com Merkel, o presidente francês, François Hollande, e Jean-Claude Junker.

Pela nova proposta, cujos detalhes não foram divulgados oficialmente, o governo aceitaria aumentar tributos de alguns alimentos e do setor hoteleiro e mexeria numa espécie de aposentadoria antecipada, gerando economia de 200 milhões de euros.

Tsipras fez uma reunião de emergência com seus principais ministros, entre eles o de Educação, Cultura e Religião, Aristides Baltas, que confirmou os detalhes à reportagem. “Nós estamos otimistas para um acordo, mas não certos de que vá ocorrer. Querem mexer em salários e pensões, mas precisamos ter segurança”, disse o ministro.

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Segundo ele, dependendo dos pontos negociados, o Parlamento terá de aprovar as medidas. Neste domingo, simpatizantes do Syriza foram às ruas de Atenas defender a postura do governo.

Com o calote e o empréstimo bloqueado, a Grécia estaria pela primeira vez sem ajuda externa desde 2010. O efeito do calote no FMI seria imediato, com os bancos gregos tendo de conter saques –pelo menos 5 bilhões de euros foram retirados na semana passada. Em resposta, o BCE aumentou a margem de assistência de liquidez de emergência ao bancos gregos em cerca de 1,75 bilhão de euros. A Grécia cresceu 0,8% em 2014, mas o desemprego continua o maior da Europa (25%), a dívida pública ronda 175% do PIB (era 129% em 2009) e a economia encolheu 25% em cinco anos.