O Fundo Monetário Internacional (FMI) deve revisar para cima sua previsão para a economia global em 2010, já que há sinais de que o declínio econômico está moderando, afirmou uma autoridade do organismo nesta sexta-feira (19).
Em conferência realizada por uma associação comercial na Turquia, o vice-diretor-gerente do FMI, John Lipsky, alertou, no entanto, que ainda é cedo para declarar vitória, porque as condições financeiras estão longe do normal e o mundo ainda está em recessão.
"Embora os últimos dados apontem para um arrefecimento da contração global, ainda há muita incerteza sobre o momento e o ritmo da recuperação", destacou Lipsky em comentários preparados.
No entanto, Lipsky disse que estão surgindo sinais de que a taxa de declínio da produção está desacelerando, que as condições financeiras melhoraram, que a confiança está se recuperando gradualmente e que os indicadores de produção futura e de demanda estão sólidos.
Nesse cenário, "eu espero que nas próximas semanas nós revisemos nossas projeções de crescimento levemente para cima, principalmente em relação a 2010", afirmou.
O FMI vai apresentar suas novas previsões econômicas em 7 de julho. A projeção anterior, feita em abril, apontava contração mundial de 1,3 por cento neste ano, que passa pela maior recessão desde a Segunda Guerra, e crescimento de 1,9 por cento no próximo.
Recuperação fraca
Lipsky acrescentou que a recuperação no ano que vem será fraca, com a atividade nos países desenvolvidos recuperando-se apenas gradualmente, pressionada pela desalavancagem financeira, pelo crédito restrito e pelo fraco crescimento da receita das famílias.
Enquanto isso, os mercados emergentes não conseguirão retornar ao crescimento potencial enquanto os desenvolvidos estiverem com performance fraca, disse ele.
"Como resultado disso, os déficits de produção e emprego continuarão aumentando ao longo de 2010", alertou Lipsky.
Ele enfatizou que as políticas precisam focar uma recuperação sustentável, começando com a retomada do setor financeiro.
Até então, os resultados das ações para recuperar os bancos têm sido lentos e irregulares de maneira geral, com pouco sendo feito para resolver o problema dos ativos podres nos balanços dessas instituições.
"Com o objetivo de preparar o terreno para uma retomada do crescimento do crédito bancário, o foco de políticas de curto prazo deve continuar na reestruturação de instituições financeiras enfraquecidas, com a retirada de ativos debilitados dos balanços dos bancos, avaliando a viabilidade e assegurando a recaptalização dessas instituições onde for necessário", disse.
Além disso, a política fiscal em economias desenvolvidas e em muitos mercados emergentes deve permanecer expansionista pelo menos até 2010 e novos estímulos podem se tornar necessários, afirmou Lipsky.
Enquanto isso, a política monetária deve continuar incentivadora até se consolidar uma recuperação sustentável, acrescentou.
Mas Lipsky ainda disse que o aumento dos déficits fiscais em muitos países industrializados é uma preocupação crescente, especialmente com as expectativas de aumento dos gastos dos governos em decorrência do envelhecimento da população e de mais pessoas buscando serviços de saúde.
Além disso, ainda que as políticas se foquem no fim da recessão, as autoridades devem começar a planejar estratégias de saída, especialmente para as fortes intervenções governamentais no setor financeiro, afirmou.
Os bancos centrais precisarão criar planos de saída para as medidas heterodoxas tomadas e para as preocupações antecipadas de que as pressões inflacionárias possam começar a aumentar, acrescentou Lipsky.
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