O rombo nas contas externas bateu novo recorde para meses de outubro, atingindo US$ 8,1 bilhões. Com isso, o déficit nas relações com o exterior pode superar a projeção atual do Banco Central e superar os US$ 80 bilhões neste ano. Para evitar essa marca, o BC teria de registrar, pela primeira vez em oito anos, um superávit em dezembro a projeção da própria autoridade monetária é de novo déficit de US$ 8 bilhões.
Para piorar esse cenário negativo, a estimativa de US$ 63 bilhões do BC para o Investimento Estrangeiro Direto (IED), forma de financiamento mais saudável desse buraco, também não deve ser atingida neste ano, já que até outubro estava em US$ 51,2 bilhões e a expectativa para novembro é de ingressos de mais US$ 4 bilhões em outubro foi de US$ 4,98 bilhões.
Apesar da quase comprovação de que as previsões não serão atingidas, o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, disse que a instituição só irá apresentar novas estimativas no mês que vem, quando serão divulgados os dados de novembro. O técnico avaliou ainda que o IED, que é voltado para o setor produtivo, segue fluindo em "níveis significativos" para o Brasil e deixando o país em situação confortável para tapar o déficit.
Segundo ele, outras fontes de financiamento também têm apresentado bom fluxo, a exemplo das taxas de rolagem, que em outubro ficaram em 282%. Quanto maior essa taxa, mais positivo é para o país, pois significa que quem tomou o empréstimo, seja governo ou empresa, conseguiu quantidade de recursos para mais que cobrir o volume de suas dívidas.
Comércio
A balança comercial tem sido o principal problema do setor externo brasileiro. Com saldos vermelhos em setembro e em outubro, as contas de serviços e rendas não conseguem compensar o desempenho ruim do comércio exterior. Ao que tudo indica, o saldo comercial também fechará negativo em novembro, já que até a terceira semana está deficitária em US$ 2,3 bilhões.
Uma outra forma de ver esse resultado é o saldo acumulado em 12 meses até outubro. De acordo com os dados do BC, já chega a US$ 84,4 bilhões, o equivalente a 3,73% do Produto Interno Bruto (PIB). Essa marca foi a maior vista nesse tipo de comparação desde fevereiro de 2002, quando ficou em 3,94%.
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