Parcela exportadora cai desde 2007
A indústria paranaense destina ao exterior uma fatia cada vez menor de sua produção. De acordo com o Índice Firjan de Produção Exportada (IFPE), calculado pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, o porcentual vendido a outros países cai desde 2007 no estado. Em 2005, 25,9% da produção industrial era exportada; em 2007, o índice recuou para 25%; em 2009, caiu abaixo de 20% e, no ano passado, atingiu 18,7%.
Enquanto não começa a escoar grandes volumes da safra agrícola 2010/11, o Paraná continua "devendo" no comércio exterior. Com exportações de US$ 865 milhões e importações de US$ 1,284 bilhão, o estado fechou janeiro com déficit de US$ 419 milhões em suas transações com o exterior. Esse saldo negativo, o quinto seguido, é o pior desde 1996, quando teve início a atual série histórica do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Se continuar repetindo o comportamento apresentado nos últimos dois anos, o Paraná provavelmente vai emendar mais um mês de déficit agora em fevereiro. Isso porque, com a "explosão" das importações, o ano do comércio exterior do estado vem se dividindo em duas metades: uma feita de superávits comerciais entre março e agosto, quando se concentram as exportações de soja e outra de saldos negativos, quando os demais segmentos da economia dominam a pauta de exportações, sem, no entanto, superar as compras do exterior. Pressionado pelos vários meses de contas no vermelho, o saldo comercial do Paraná em 2010, de apenas US$ 220 milhões, foi o mais baixo em dez anos.
O déficit de janeiro ocorreu apesar do crescimento das vendas de produtos importantes na pauta exportadora do estado. Os embarques de carnes, por exemplo, cresceram 49% em relação ao mesmo mês de 2010; as vendas de farelo de soja praticamente triplicaram, enquanto as de equipamentos mecânicos avançaram cerca de 15%.
Na soma de todos os produtos, as exportações avançaram 23% em relação a janeiro do ano passado. Embora importante, esse avanço não foi suficiente para que o estado conseguisse superar a marca até hoje recorde para o mês estabelecida em janeiro de 2008, de pouco mais de US$ 1 bilhão. Além disso, esse crescimento não faz frente à expansão das compras de importados, que, em janeiro, cresceram 41% sobre igual período de 2010. Nessa conta entram adubos e fertilizantes (alta de 169%), equipamentos mecânicos (84%), veículos e peças (53%), petróleo bruto (27%) e aparelhos e materiais elétricos (15%), entre outros.
Mercado doméstico
Uma característica dessas importações é que grande parte delas é feita pela indústria que, em praticamente todos os segmentos, é cada vez mais deficitária em suas transações com o exterior. É o caso das montadoras instaladas no polo automotivo da Grande Curitiba. Embora suas exportações tenham crescido no ano passado, essas companhias estão bem mais voltadas ao mercado interno do que há alguns anos.
Para atender ao crescente mercado doméstico, as fabricantes trazem do exterior carros inteiros, mas também peças e componentes para equipar os automóveis que serão fabricados e vendidos no Brasil; ao mesmo tempo, a baixa cotação do dólar não dá grande estímulo às vendas ao exterior. Como resultado dessa combinação, as montadoras importaram US$ 210 milhões em janeiro, mais que o triplo das exportações (US$ 66 milhões).
Perspectivas
Nada indica que as exportações da indústria, limitadas pelo câmbio, possam ter alteração significativa ao longo do ano. Por outro lado, o agronegócio promete resultados ainda mais fortes nesta temporada. Quando a colheita de soja engrenar ela está de duas a três semanas atrasada em grande parte do estado , é questão de tempo para que o faturamento das exportações volte a superar as despesas com importações.
A estimativa da Expedição Safra Gazeta do Povo é de que a produção paranaense da oleaginosa passe de 14 milhões de toneladas neste ano, a maior de todos os tempos. E, pelo que o cenário internacional de oferta e demanda vem indicando, o preço médio de venda da colheita será bem mais alto que o de 2010.
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