O Brasil registrou déficit em transações correntes de 9,018 bilhões de dólares em julho, o maior para esses meses na história e que faz o saldo acumulado nos sete primeiros meses do ano se aproximar do déficit verificado em todo o ano passado. Além disso, mais uma vez, os Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) não cobriram o rombo da conta corrente do país, abalada sobretudo pelo fraco desempenho comercial, mostrou o Banco Central nesta sexta-feira (23).

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De janeiro a julho, as transações correntes do país registraram saldo negativo de 52,472 bilhões de dólares, bem próximo do déficit de 54,230 visto em 2012 todo. No acumulado em 12 meses, o déficit em conta corrente do país ficou em 3,39% do Produto Interno Bruto (PIB).

O resultado do mês passado também ficou acima do previsto pelos economistas consultados pela Reuters, de saldo negativo de 8,4 bilhões de dólares no mês passado. Ficou acima também do déficit de 3,746 bilhões de dólares em julho de 2012.

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Os dados mostram que a conta corrente segue castigada pelo desempenho ruim da balança comercial, que nos sete primeiros meses de 2013 acumula déficit de 4,989 bilhões de dólares, devido à performance fraca das exportações e de maiores importações. Só em julho, o Brasil teve déficit comercial de 1,898 bilhões de dólares.

As remessas de lucros e dividendos feitas por multinacionais instaladas no país também continuam pesando, somando 1,215 bilhão de dólares no mês passado, ante 1,719 bilhão de dólares em igual mês de 2012.

Ainda segundo o BC, apesar do dólar mais alto, os gastos líquidos de brasileiros no exterior com viagens atingiram 1,674 bilhão de dólares em julho, maiores que os gastos de 1,464 bilhão de dólares em igual mês de 2012.

IED não compensa

O rombo no mês mais uma vez não foi financiado pelo IED no país, que somou 5,212 bilhões de dólares no mês passado, pouco abaixo do previsto por analistas consultados pela Reuters, cuja mediana apontava para 5,350 bilhões de dólares. No ano, o IED está acumulado em 35,239 bilhões de dólares.

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Mesmo assim, o balanço de pagamentos do país acabou sendo financiado em julho, uma vez que a conta capital e financeira acabou ficando positiva em 9,409 bilhões de dólares no mês passado.

Os indicadores das contas externas também sofrem a influência da valorização do dólar, que somava mais de 20 por cento desde maio até a véspera e ido próximo ao patamar de 2,45 reais, alimentada pelas incertezas que cercam a retirada de estímulos monetários na economia norte-americana e pela desconfiança com a atual política econômica do país.

Para segurar a disparada da divisa, o BC anunciou na noite de quinta-feira programa de intervenção diária no mercado de câmbio até o fim de dezembro, estimado no equivalente a 60 bilhões de dólares por meio de leilões de swap cambial tradicional e de leilão de linha. "É preciso aguardar. O câmbio tem tido certa volatilidade e, persistindo essa volatilidade, é natural que haja alguma reação em algumas contas", afirmou o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel.

Num sinal de que a situação está complicada, o BC informou ainda que a taxa total de rolagem de dívida no país ficou em 55 por cento no mês passado, ante 599 por cento vistos um ano antes e 71 por cento em junho deste ano.