O buraco nas contas externas do Brasil vai crescer até 2016, pelo menos, se o governo mantiver a atual política econômica. O déficit na conta corrente do balanço de pagamentos, síntese de todas as transações de bens e serviços com o exterior, deve chegar neste ano a 2,6% do Produto Interno Bruto (PIB) e alcançar 3,6% dentro de cinco anos. A projeção é do Fundo Monetário Internacional (FMI) e aparece numa das páginas finais do Panorama Econômico Mundial, divulgado ontem.
O relatório é divulgado dias antes do encontro anual de Primavera do FMI e do Banco Mundial, previsto para ocorrer no fim de semana. A tendência de piora das contas é apontada também no Brasil, por instituições financeiras e escritórios consultados semanalmente para a pesquisa Focus do Banco Central (BC). Na pesquisa divulgada ontem, a previsão é de um déficit de US$ 62,2 bilhões neste ano e de US$ 68,96 bilhões em 2012. Segundo a Focus, o superávit comercial brasileiro ficará em US$ 17,01 bilhões em 2011 e diminuirá para US$ 9,90 bilhões no ano seguinte.
Os economistas do FMI também preveem a persistência de uma forte inflação no Brasil. Os preços ao consumidor devem subir 6,3% neste ano, 4,8% no próximo e 4,5% em 2016 (os anos de 2013, 2014 e 2015 não aparecem). Esses números indicam médias anuais e não a inflação na ponta, isto é, entre janeiro e dezembro. Na ponta, a inflação estimada para 2011 é de 5,9%, bem inferior à indicada na última pesquisa Focus, de 6,26%. Para 2012, a estimativa do FMI é de 4,5%, bem no centro da meta de inflação.
Pelo menos em Washington há quem aposte no resultado prometido pelo BC para o próximo ano. No mercado brasileiro, a estimativa é de 5%. O crescimento do PIB deve perder impulso, ficando em 4 5% em 2011 e 4,1% em 2012, conforme o FMI. A economia brasileira cresceu 7,5% no ano passado e a expansão deste ano começa numa base elevada. O FMI aponta risco de superaquecimento no Brasil e na Colômbia, países com rápida expansão do crédito.
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