
O Brasil deve registrar em 2011 um novo recorde negativo nas suas transações com o exterior, segundo previsão do Banco Central. O déficit deve chegar a US$ 64 bilhões, o maior valor da série iniciada em 1947, superando o saldo negativo de US$ 49 bilhões esperado para este ano. Há três meses, o BC estimava um resultado negativo de US$ 60 bilhões para 2011. Na comparação com o Produto Interno Bruto (PIB), o déficit será de 2,85% (a projeção anterior era de 2,77%), o maior desde 2001, quando estava em 4,2%.
As contas externas do país vêm sendo influenciadas pelo aumento das importações, das remessas de lucros e dividendos e dos gastos com serviços, principalmente transportes, aluguel de equipamentos e turismo no exterior.
A balança comercial, por exemplo, deve fechar 2011 com o pior saldo em dez anos foi mantida a previsão de um resultado positivo de US$ 11 bilhões. O BC revisou para cima, em US$ 5 bilhões, tanto as exportações (cuja projeção chegou a US$ 235 bilhões) como as importações (US$ 224 bilhões).
A instituição elevou também as previsões de gastos com juros (US$ 10,6 bilhões), viagens (US$ 12 bilhões) e de outras despesas com serviços e rendas (US$ 22,4 bilhões). Reduziu, no entanto, a estimativa de remessas de lucros de US$ 36 bilhões para US$ 30 bilhões.
Para 2010, o BC manteve a previsão de um déficit também recorde, de US$ 49 bilhões nas transações correntes. Na comparação com o PIB, no entanto, a projeção recuou de 2,49% para 2,41%, devido ao crescimento da economia, maior que o esperado.
O BC avalia que o nível atual do déficit externo não pode ser considerado "explosivo", por estar ligado ao fato de o Brasil estar crescendo e consumindo em ritmo mais forte que o de outros países. Além disso, ao contrário do que era verificado no início da década, o resultado das contas externas está sendo acompanhado por aumento nos investimentos estrangeiros que financiam esse déficit.
Novembro
No mês passado, a conta corrente teve déficit de US$ 4,696 bilhões, o pior rombo mensal da série histórica para meses de novembro, superando o recorde anterior registrado em novembro de 2009 quando o saldo negativo somou US$ 3,273 bilhões.
No acumulado de janeiro a novembro, o déficit em conta corrente soma US$ 43,459 bilhões, o equivalente a 2,34% do PIB. No mesmo período do ano passado, o déficit era de US$ 18,352 bilhões, o correspondente a 1,29% do PIB.
Remessas e viagens
Um dos motivos para o aumento do déficit está na remessa de lucros e dividendos feita por empresas multinacionais instaladas no Brasil, que somou US$ 1,949 bilhão em novembro. Com esse resultado, as transferências no acumulado do ano alcançaram US$ 25,031 bilhões, contra US$ 19,892 bilhões em igual intervalo de 2009.
Ainda na conta de serviços e rendas, as viagens internacionais registraram déficit de US$ 955 milhões em novembro, acumulando, desde janeiro, um saldo negativo de US$ 9,357 bilhões.



