Depois de comemorar um crescimento real de 5,8% no ano passado, o setor atacadista distribuidor encerrou o primeiro semestre de 2006 com queda de 1,34% no faturamento em relação ao mesmo período de 2005. Os três primeiros meses, em especial, tiveram queda de 3,76%, segundo dados divulgados ontem pela Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad). De acordo com o presidente da entidade, Geraldo da Silva Caixeta, este é o primeiro desempenho negativo em 10 anos. Representantes do setor, indústrias e outros fornecedores da cadeia estarão reunidos no Paraná a partir de hoje, participando da 26.ª Convenção Anual do Atacadista Distribuidor, que termina no dia 11, no ExpoTrade, em Pinhais.
A perda no faturamento, segundo Caixeta, não foi causada por redução no volume comercializado, mas tem origem na deflação. "A movimentação em toneladas foi maior, porém diminuiu em valor porque os preços dos produtos comercializados caiu", diz. De acordo com levantamento do Instituto ACNilsen, os preços dos produtos alimentícios, por exemplo, tiveram queda real de cerca de 12% nos primeiros meses do ano.
A associação não divulga o valor faturado nem o volume comercializado no semestre. Em 2005, a receita bruta total de distribuidores e atacadistas chegou a R$ 86,5 bilhões superando em 5,8% o total de 2004. Apesar do desempenho negativo no primeiro semestre, a Abad espera fechar 2006 com faturamento entre 4% e 5% superior ao registrado no último ano. "O segundo semestre é normalmente mais estável e há uma entrada maior de recursos na economia por conta do 13.º salário e porque as pessoas não têm tantas despesas como nos primeiros seis meses do ano", diz. "Em julho já devemos empatar."
No início deste mês a Associação Brasileira dos Supermercados (Abras) já havia apresentado desempenho negativo no primeiro semestre. Segundo o balanço da entidade, as redes varejistas registraram queda de 2,74% no faturamento no primeiro semestre do ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. O presidente da Abras, João Carlos de Oliveira, no entanto, é menos otimista em relação aos próximos seis meses. "Os resultados de julho não serão muito diferentes e isso me preocupa." O setor prevê crescimento de 1,5% no ano.
Adaptação
A expectativa otimista da Abad, segundo o presidente da entidade, se deve também a uma adequação nas empresas do setor em todo país. "As distribuidoras passaram por ajustes. Muitas tiveram que reduzir custos para se adaptar à nova realidade, inclusive diminuindo margens e demitindo funcionários", diz Caixeta. A associação não tem um levantamento, no entanto, de quantos empregos foram sacrificados.