O deputado Delfim Neto (PMDB-SP), que não conseguiu se reeleger, brincou neste domingo ao ser perguntado se aceitaria um possível convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para participar do governo de coalizão. Delfim, que foi ministro da Fazenda em dois governos da ditadura militar, garantiu que nunca foi cotado para nada, embora tenha apoiado Lula na última eleição.
- Você é a única que sabe isso. Eu nunca fui cotado para nada. São vocês (repórteres) que ficam inventando essas histórias. O presidente tem toda a liberdade de fazer o seu ministério, deve fazê-lo, na minha opinião. Fez uma promessa importante e precisa cumprir. Uma das poucas vantagens dessa tragédia que é a reeleição sem desincompatibilização é que quem foi eleito recebe uma espécie de alforria. Pode sair de lá depois como um grande político, como alguém que pôs realmente o país nos trilhos ou, então, voltar para a sua posição anterior e perder uma grande chance de mudar o Brasil. Eu confio que o Lula vai fazer a segunda parte - disse.
De acordo com o deputado, que participou na manhã deste domingo, da eleição para composição do novo diretório do PMDB de São Paulo, a coalizão com Lula está na fase de elaboração de propostas.
- O presidente fez uma proposta, o PMDB levou a sua proposta, o PMDB aceitou a proposta do presidente, de forma que agora o PMDB vai participar da formulação do programa.
Para Delfim Neto, para que o país alcance os 5% de crescimento manifestado por Lula é preciso "condições objetivas".
- A proposta é um desejo. O desenvolvimento é um estado de espírito e condições objetivas. O estado de espírito ele já tem. Agora tem que dar as condições objetivas - disse. - A taxa de juros é um fator importante. O Brasil, na minha opinião, tem combustível no tanque para o crescimento de 5% se criar as condições adequadas. Agora, vai ter que mudar o pneumático com o carro andando em 2007 e encher o tanque para 2008.
Lembrado do que Lula falou na semana passada, que quem é de esquerda ou de direita evolui para o centro, Delfim afirmou que não evoluiu ao sair da antiga Arena, partido de sustentação da ditadura militar, para o PMDB de hoje:
- Eu não, eu não evoluí porque era um socialista Fabiano e me perdi depois no mercado.
Perguntado ainda sobre sua posição de ministro da ditadura e agora cotado para ser ministro de um governo de esquerda, foi irônico:
- É um grande avanço do PT.