| Foto: Divulgação/Speedbird

Não é de hoje que os drones são considerados uma alternativa para contornar os congestionamentos das grandes cidades. Segundo a consultoria PwC, o mercado global de serviços que usam as aeronaves não tripuladas deve chegar a US$ 127 bilhões em 2020, dos quais 10% devem vir da área de logística. Em cinco anos, prevê a Singularity University, os drones devem fazer 10 milhões de voos diários para entregas em todo o mundo.

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A Speedbird Aero é uma das empresas brasileiras que busca aproveitar o potencial logístico das aeronaves. Ela criou um projeto de delivery por drones que está sendo implantado por empresas como iFood e B2W – dona de marcas como Americanas.com, Submarino e Shoptime.

Samuel Salomão, cofundador da startup, diz que a ideia nasceu quando ele morava no Arizona (EUA) e trabalhava para uma empresa de telemedicina. Cientista da computação, ele sugeriu à companhia entregar medicamentos por drones para agilizar a logística e beneficiar os clientes. Ouviu uma negativa dos gestores, mas não desistiu da ideia: voltou ao Brasil em 2017 e criou seu próprio negócio na área. “Durante um ano, só colocamos dinheiro próprio e investimos no capital intelectual. Só conseguimos os primeiros clientes em 2018. Foram dois anos de puro suor”, afirmou ele.

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Delivery por drones

O mercado tem potencial, mas ao mesmo tempo há muitos interessados em explorá-lo. Boa parte das empresas criadas em meio à "febre" já fechou.

Especialista no setor, Emerson Granemann, fundador da MundoGEO, conta que um mapeamento feito em 2015 apontou a existência de 720 empresas na área de drones. Hoje, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) registra a existência de 4 mil companhias – número justificado pela incorporação dos drones em tarefas de empresas de outros segmentos. A sobrevivência desse negócios, contudo, é baixa.

“Muitas das companhias mapeadas em 2015 não existem mais porque as pessoas não conseguiram se manter ou porque achavam que podiam fazer tudo, desde filmar casamentos a trabalhar com agricultura. Com o tempo, elas descobriram que o trabalho exige conhecimentos e equipamentos específicos”, diz Granemann.

Com dez clientes no portfólio, a Speedbird, com sede em Franca (SP), está atualmente colhendo dados do iFood e da B2W para entender como os drones podem melhorar o delivery dessas empresas. A partir dessas informações, a startup vai desenhar o processo logístico das companhias, de acordo com as normas da Anac e da Força Aérea. “Não vamos voar para qualquer lugar. Este tipo de projeto leva de cinco a seis meses. A tecnologia é nova para todo mundo. Estamos todos aprendendo”, analisou.

A previsão tanto do iFood quanto da B2W é que as entregas por drones comecem no primeiro semestre de 2020.

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Drones não vão entregar os produtos "pela janela"

Apesar de o drone prometer otimizar a logística, as encomendas não serão entregues "nas janelas" dos clientes, advertiu Salomão. No projeto brasileiro, a aeronave será integrada aos demais meios de transporte, como carro, motocicleta e patinete. “As casas não têm estrutura para receber um drone. A ideia é utilizar uma malha aérea e hubs onde os produtos chegarão e serão integrados com outros modais”, explicou o empresário.

Sem revelar seu faturamento, Salomão planeja iniciar 2020 com novos projetos e mais clientes em sua carteira, uma vez que os primeiros resultados com o iFood e com a B2W devem aumentar a exposição da marca. “Também vamos buscar o apoio do governo brasileiro para atuar em questões humanitárias em locais remotos do país. Queremos levar medicamentos e alimentos para pessoas que têm pouco acesso à saúde.”