Puxado por economias emergentes, como Brasil, China e Índia, o mundo vai voltar a crescer em 2011, impulsionando os preços das commodities no mercado internacional. A avaliação é do analista Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central e sócio-diretor da Tendências Consultoria Integrada. "Com cotações mais altas, a renda agrícola brasileira terá aumento real neste ano. Estimamos um incremento de 11%, acima do crescimento projetado para o PIB [Produto Interno Bruto] do país, de 6,3%", afirmou durante o Ciclo de Palestras Informação e Análise do Agronegócio, ontem, em Cascavel, no Oeste do estado.
Iniciativa da Gazeta do Povo em parceria com a Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) e a Federação da Agricultura do Paraná (Faep), o evento reuniu no auditório central do Show Rural Coopavel cerca de 300 pessoas, representantes de todos os elos da cadeia produtiva do agronegócio brasileiro.
A avaliação de Loyola foi compartilhada por produtores e lideranças do setor que participaram do evento. "As cotações das commodities não devem ceder em 2011. Se recuarem, a queda será de no máximo 10%, ainda um bom negócio, considerando que as cotações avançaram em média 50% no ano passado", disse o presidente da Coopavel, Dilvo Grolli.
A produção brasileira vai continuar crescendo em 2001, mas não a ponto de superar o aumento da demanda, avaliou o deputado federal e ex-ministro da Agricultura Reinhold Stephanes, que participou de um painel para discutir as tendências para o agronegócio neste ano durante o Ciclo de Palestras. "É difícil encontrar um produto com estoques suficientes para mais de três meses de consumo. Esse desequilíbrio entre oferta e demanda é bom para o agricultor porque inverte o jogo. O aquecimento do consumo neutraliza um pouco a manipulação do mercado e favorece o campo", disse.
A Tendências Consultoria prevê para este ano alta de 48% nos preços médios da soja, de 28% para o milho e de 25% para o açúcar. Loyola explicou que a expectativa é de continuidade do movimento de valorização dos produtos agrícolas no mercado internacional, mas que 2011 será um ano de muitas oscilações no mercado de grãos, inclusive para baixo em alguns momentos.