O consumo de etanol no Centro-Sul do Brasil em 2011 deve ser de 24,839 bilhões de litros, queda de 4,1% ante os 25,895 bilhões de litros do ano passado, de acordo com a Bioagência, uma das principais comercializadoras do combustível no País. O recuo é o primeiro desde 2000, quando ainda não havia comercialmente veículos com motores "flex fuel" (bicombustíveis), e deve ocorrer porque a oferta de etanol é estável em um cenário de crescimento da frota de carros. A demanda se voltará para a gasolina.
Os veículos utilizarão mais gasolina em 2011 e o consumo do derivado de petróleo saltará 10,4% no País este ano, de acordo com a Bioagência. A gasolina C, vendida nos postos, deve ter uma demanda de 26,211 bilhões de litros este ano, ante 23,747 bilhões de litros no anterior. O uso da gasolina suprirá, assim, o gargalo criado pela queda do etanol, já que a demanda total dos combustíveis em veículos do ciclo Otto, os movidos a gasolina e álcool, atingirá 37,536 bilhões de litros, alta de 6 5% ante 2010.
De acordo com Tarcilo Rodrigues, diretor da Bioagência, a demanda pelo etanol será controlada com a substituição do uso do hidratado pela gasolina nos veículos flex fuel. Isso ocorre quando o preço do combustível de cana-de-açúcar chega a 70% do cobrado pela gasolina nos postos, o que torna o uso combustível de petróleo mais vantajoso economicamente.
"Pela primeira vez desde 2000 a indústria (sucroalcooleira) estará estagnada e a oferta de cana será limitada; o ajuste do consumo terá de ocorrer pelo preço do combustível", disse Rodrigues. "Com isso, haverá uma concentração maior do uso do hidratado no Estado de São Paulo, já que o Estado tem vantagem de preços por concentrar a maior parte da produção e ter uma tributação menor", completou. Em estados como o Rio Grande do Sul, por exemplo, dificilmente será vantajoso o uso de etanol.
Na estimativa de Bioagência, a demanda total pelo etanol hidratado no Centro-Sul, somando o abastecimento de veículos, uso em outros fins, transferências para o Nordeste e a exportação, será de 16,585 bilhões de litros em 2011, queda de 9 4% sobre os 18,303 bilhões de litros do ano passado. Como o consumo da gasolina deve crescer, a demanda pelo etanol anidro, misturado em 25% à gasolina C, deve saltar 8,7% entre 2010 e 2011, para 8,254 bilhões de litros.
No entanto, o aumento na demanda pelo anidro não será suficiente para evitar a queda na demanda total do etanol neste ano, já que a procura pelo hidratado é mais que o dobro. "Será preciso um maior planejamento para que as produções de etanol anidro e de gasolina sejam adequadas às demandas", concluiu Rodrigues.
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