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Antes tínhamos um aumento da taxa de desemprego pela maior procura. Agora, estamos vendo dispensas mais acentuadas. Isso porque temos agora mais setores contribuindo com a redução do emprego

Adriana Beringuy técnica do IBGE

As demissões nas seis principais regiões metropolitanas brasileiras, antes concentradas nos setores de indústria e construção, se alastraram para as atividades de serviços e comércio, informou o IBGE nesta quinta-feira (23). A população ocupada nas seis principais regiões metropolitanas encolheu em 1,3% em junho, na comparação ao mesmo mês do ano passado. Foi a maior queda nessa base de comparação da série histórica, iniciada em 2002. São 298 mil demissões.

“Antes tínhamos um aumento da taxa de desemprego pela maior procura. Agora, estamos vendo dispensas mais acentuadas”, afirma Adriana Araújo Beringuy, técnica do IBGE. “Isso porque temos agora mais setores contribuindo com a redução do emprego”.

Os cortes foram maiores no segmento chamado “outros serviços”, que inclui alojamento, alimentação e recreação. Foram 114 mil pessoas a menos trabalhando no setor em junho na comparação ao mesmo mês do ano passado, queda de 2,7%. Uma parte dessas demissões pode estar relacionada ao crescimento de 4,5% que serviços de alojamento, alimentação e recreação tiveram em junho do ano passado, em base anuais. O mês foi marcado pela Copa do Mundo no Brasil.

O comércio também teve um desempenho bastante ruim em junho deste ano. O setor demitiu 95 mil pessoas entre junho de 2014 e de 2015. O contingente de ocupados no comércio encolheu em 2,2% nessa comparação. “O comércio foi um dos que mais resistiu à crise porque existe custo de demissão. Agora começa a reduzir seu pessoal afetado pela queda na receita e aumento de custos, como energia. Com o cenário ruim, o comércio está fazendo seu ajuste”, disse Vitor França, assessor econômico da FecomercioSP.

Indústria e construção continuaram seu processo de demissões iniciado já no ano passado, mas não foram os maiores no mês. A indústria cortou 20 mil vagas em junho e a construção, 88 mil vagas, informou o IBGE nesta quinta-feira.

A taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país subiu para 6,9% em junho, o maior patamar desde julho de 2010 (6,9%). O aumento do desemprego tem sido maior, sobretudo, entre a população de 18 a 24 anos. São jovens que se mantiveram fora do mercado no ano passado, apoiados em uma maior renda familiar.

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