A dependência da importação do gás da Bolívia acende uma luz amarela no mercado brasileiro. Além das implicações decorrentes do plano de desinvestimento da Petrobras na área de gás e energia, a grande questão é se a Bolívia terá condições de continuar entregando o volume demandado pelo Brasil a partir de 2019, quando vence o contrato de fornecimento com o Brasil.
Em 2015, a oferta de gás boliviano somou 60,7 milhões de metros cúbicos por dia (mm³/dia), sendo mais da metade (31,2 milhões) destinada ao mercado brasileiro. Do total restante, 15,7 milhões de metros cúbicos por dia foram exportados para a Argentina e 13,2 milhões absorvidos pelo mercado boliviano.
De acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE), a demanda de gás natural no Brasil chegará a 171 milhões de metros cúbicos por dia em 2024, puxada pela expansão do parque termelétrico a gás natural. A produção, por outro lado, deve atingir apenas 99 mm³/dia. Considerando esse descompasso, o Brasil precisaria importar mais do que o dobro do volume atual para suprir a necessidade.
Mas não há garantias de que a Bolívia terá gás suficiente para manter o suprimento ao Brasil nesse volume, sobretudo a partir de 2020, alerta um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Associação Brasileira de Grandes Consumidores de Energia e de Consumidores Livres (Abrace).
Junto com o gás natural liquefeito (GNL), o gás natural boliviano vindo de outros países, supre parte importante da demanda doméstica. Em 2015, dos 50,4 milhões de metros cúbicos de gás importados pelo Brasil, 32 mm³/dia vieram da Bolívia. Além dos três estados do Sul, o gás boliviano atende parte importante do mercado de São Paulo.