A dependência da importação do gás da Bolívia acende uma luz amarela no mercado brasileiro. Além das implicações decorrentes do plano de desinvestimento da Petrobras na área de gás e energia, a grande questão é se a Bolívia terá condições de continuar entregando o volume demandado pelo Brasil a partir de 2019, quando vence o contrato de fornecimento com o Brasil.

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Em 2015, a oferta de gás boliviano somou 60,7 milhões de metros cúbicos por dia (mm³/dia), sendo mais da metade (31,2 milhões) destinada ao mercado brasileiro. Do total restante, 15,7 milhões de metros cúbicos por dia foram exportados para a Argentina e 13,2 milhões absorvidos pelo mercado boliviano.

Mais gasodutos

Mais do que ampliar a oferta de gás natural, será preciso resolver a falta de acesso à rede de transporte, hoje toda controlada pela Petrobras, defende David Zylbersztajn, sócio-diretor da DZ Negócios com Energia. “O que acho mais saudável é a possibilidade de criar uma malha de gás que vai viabilizar esse mercado no país. O mundo inteiro usa o gás natural como um combustível de transição para as fontes renováveis. É um novo momento para o gás natural no Brasil, mas já vem tarde”.

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De acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE), a demanda de gás natural no Brasil chegará a 171 milhões de metros cúbicos por dia em 2024, puxada pela expansão do parque termelétrico a gás natural. A produção, por outro lado, deve atingir apenas 99 mm³/dia. Considerando esse descompasso, o Brasil precisaria importar mais do que o dobro do volume atual para suprir a necessidade.

Mas não há garantias de que a Bolívia terá gás suficiente para manter o suprimento ao Brasil nesse volume, sobretudo a partir de 2020, alerta um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Associação Brasileira de Grandes Consumidores de Energia e de Consumidores Livres (Abrace).

Junto com o gás natural liquefeito (GNL), o gás natural boliviano vindo de outros países, supre parte importante da demanda doméstica. Em 2015, dos 50,4 milhões de metros cúbicos de gás importados pelo Brasil, 32 mm³/dia vieram da Bolívia. Além dos três estados do Sul, o gás boliviano atende parte importante do mercado de São Paulo.