Depois de cair 21% em 2012, o volume de alvarás liberados para construção de imóveis residenciais e comerciais voltou a crescer em Curitiba em 2013. De janeiro a março, esse número totalizou 5,7 mil unidades, 29% mais do que no mesmo período do ano passado, segundo dados do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) no Paraná.
Apesar dessa retomada, o setor ainda deve ser conservador nos lançamentos imobiliários na capital em 2013. Previsão da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi/PR) é que esse volume fique em cerca de 8 mil unidades verticais nesse ano, próximo do registrado no ano passado (7,4 mil unidades).
Os empresários esperam uma recuperação maior para retomar um ritmo mais forte de lançamentos, depois da queda de 2012. No ano passado, o mercado imobiliário lançou 33% menos do que em 2011, pressionado pelos estoques elevados e o grande número de entregas previstas para 2013. Serão 14 mil unidades somente esse ano um volume recorde.
Segundo o presidente da Ademi, Gustavo Selig, o mercado está se adaptando à demanda, passado o boom dos últimos anos. "Não vejo um crescimento expressivo dos lançamentos em 2013 e 2014", diz. Para ele, o volume de alvarás liberados é um indicativo que o mercado espera construir mais, mas não necessariamente no curto prazo, já que as empresas têm cinco anos para lançar a a obra depois da liberação. Do total de alvarás liberados, a Ademi estima que 70% são de grandes lançamentos e 30% de empreendimentos particulares. Cerca de 10% do total são de empreendimentos comerciais.
As grandes
Parte da queda nos lançamentos do ano passado se deveu também ao comportamento das grandes incorporadoras, principalmente de São Paulo, que apostaram por aqui nos últimos anos e colocaram o pé no freio na presença fora do eixo Rio-São Paulo. As empresas de capital aberto foram as mais agressivas no mercado, com o lançamento de até 230 unidades por empreendimento durante o boom do setor, entre 2010 e 2011. Algumas dessas empresas vêm reduzindo significativamente o volume de novidades. Empresas como PDG, MRV e Brookfield, por exemplo, ainda não têm lançamentos previstos para 2013, segundo a Ademi.
Para Marcos Kathalian, da Brain Bureau de Inteligência, consultoria especializada nesse mercado, o maior ajuste do setor se deu em 2012, mas ainda é cedo para falar sobre uma tendência para o ano. "Pelo que estamos vendo é possível que o número de lançamentos fique próximo do que foi em 2011". Para ele, tudo indica que este ano deve ser relativamente melhor para o setor.
Principal agente financiador do mercado imobiliário, a Caixa Econômica projeta crescimento de 30% no volume de empréstimos para o setor em 2013. O recorde de lançamentos de imóveis verticais ocorreu entre 2010 e 2011, quando o foram colocadas à venda pelas incorporadoras cerca de 22 mil unidades verticais.
PDG fecha plantões de vendas em dois empreendimentos
Em função dos resultados negativos em 2012, a incorporadora PDG recuou de alguns lançamentos que tinha anunciado no final do ano e fechou dois plantões de vendas em Curitiba. As negociações dos empreendimentos Bossa Nova, no Santa Cândida, e Choice Ecoville, no Mossunguê, estão temporariamente suspensas, de acordo com informações de corretores da empresa.
No ano passado, os lançamentos da PDG encolheram 80,5%. Enquanto o volume de empreendimentos lançados chegou a R$ 9 bilhões em 2011, no ano seguinte o valor caiu para R$ 1,755 bilhão.
A empresa confirma apenas que os plantões de vendas no local dos dois empreendimentos foram fechados nos últimos meses. Em resposta a questionamento da Gazeta do Povo, a empresa enviou nota comunicando que os estandes foram desativados "em razão de uma nova diretriz estratégica e visando a otimização e melhoria de seus plantões de venda". Essa diretriz implicaria concentrar as atividades comerciais em uma central de vendas.
A reportagem da Gazeta do Povo visitou a área do Choice Ecoville e o terreno encontra-se sem qualquer sinal de obra. Há apenas tapume e placas. Funcionários de um comércio próximo afirmam que não há qualquer movimento na área desde o final de 2012 e que as obras estão paradas desde então.
No mês passado, ao divulgar o plano de negócios para os próximos anos, a PDG confirmou que espera aumentar o número de lançamentos em relação ao ano passado, mas em um patamar inferior aos de 2010 e 2011. A estratégia, elaborada após revisão detalhada do orçamento das obras, prevê lançamentos anuais de R$ 5 bilhões a R$ 6 bilhões a partir de 2015. Até lá, a empresa decidiu não traçar estimativas para lançamentos, que devem evoluir conforme a melhora na capacidade operacional.
TendênciasPreços subiram 10% em um ano
Apesar do aumento da oferta de imóveis no mercado, os preços não recuaram, segundo a Ademi. O preço do metro quadrado privativo atingiu R$ 5.590 em março desse ano, alta de 10% em relação ao mesmo período do ano passado, Ainda assim houve pouca variação em relação ao fim de 2012 (R$ 5584). Para Gustavo Selig, presidente da Ademi, os preços devem continuar a subir entre 8% e 10% ao longo de 2013. De acordo com ele, a principal pressão de custos vem dos materiais de construção. Desde 2009, o preço do metro quadrado já subiu 51% na capital.
Retorno
A rápida valorização dos preços dos imóveis vem fazendo com que parte dos mutuários e investidores tenha dificuldade para assumir o financiamento na entrega das chaves. Selig estima que das entregas desse ano, entre 4% e 6% retornem para a carteira das empresas, o que significa alo próximo de 800 unidades. No mercado, porém, há rumores de que esse número possa ser maior e chegar a 20% em alguns empreendimentos. O presidente da Ademi não confirma esse número.