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Depois de quatro apagões, governo admite algo errado

O Elevador Lacerda, cartão-postal de Salvador, iluminado apenas pela luz da Lua: causa da falha ainda é incerta | Vaner Casaes/Folhapress
O Elevador Lacerda, cartão-postal de Salvador, iluminado apenas pela luz da Lua: causa da falha ainda é incerta (Foto: Vaner Casaes/Folhapress)

Um apagão ocorrido às 23h14m de quinta-feira (0h14m de sexta no horário de Brasília) atingiu os nove estados da região Nordeste. Concessionárias de Ceará, Ma­ranhão, Paraíba e Bahia con­firmaram o blecaute. Hou­ve falta de energia também no Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Piauí e parte dos estados do Pará, Tocantins, além de parte do Distrito Federal. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), quatro horas depois, 70% das cargas haviam sido restabelecidos.

Na manhã de ontem, a energia já havia voltado em todos os locais afetados. Esse foi o quarto apagão que ocorreu no país em pouco mais de um mês, o segundo no Nordeste. O ONS informou que um curto-circuito provocou o incêndio na linha de transmissão entre as estações de Colinas (TO) e Imperatriz (MA) – que pertence à empresa transmissora Taesa, cujos acionistas majoritários são a Cemig e um fundo de investimentos. Por causa disso, o sistema de segurança desligou a conexão entre os sistemas do Norte e do Nordeste ao do Sul e Sudeste. O diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, disse que o circuito afetado é relativamente novo e o problema não deve ter sido causado por falhas de manutenção.

Márcio Zimmermann, mi­nistro interino de Minas e Energia, admitiu que os a­con­tecimentos não podem ser considerados corriqueiros. "Eventos como esses não são normais e a coincidência é mais anormal ainda. Isso é que esta sendo avaliado", afirmou o ministro interino. O ministro ainda afirmou que as causas dos mais recentes apagões são similares e que isso está sendo avaliado.

Críticas

A recorrência de apagões demonstra falhas de manutenção no sistema de transmissão de energia, avalia o diretor da Coppe/UFRJ, Luiz Pinguelli Rosa. E a situação poderá piorar, com o plano de redução da tarifa de energia do governo. "A redução da tarifa poderá agravar, no sentido de comprometer capacidade das empresas de investir em engenharia. A manutenção do sistema é muito cara", afirmou. Já o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, é mais enfático em suas críticas à gestão do setor elétrico, direcionadas à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). "O governo se dedicou muito a aumentar a oferta de energia e esqueceu que para a energia elétrica chegar ao consumidor precisa ser transportada e distribuída. Não está havendo melhoria dos equipamentos. Não estão sendo construídas linhas novas", argumentou.

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