Depois do petróleo e gás, o presidente boliviano, Evo Morales, anunciou neste fim de semana a nacionalização das outras riquezas minerais do país, o que, provavelmente, deve ocorrer no dia 31 de outubro.
O anúncio foi feito em meio ao atual conflito no setor, com mineiros e cooperativistas disputando as reservas de estanho de Posokoni, em Huanuni.
Em discurso para camponeses de Challapata, Morales disse que depois da nacionalização das reservas de petróleo e gás, "o próximo passo são os (outros) minerais, de maneira que haverá surpresas com o estanho, a prata e o ouro".
Segundo ele, esses recursos "têm que passar para as mãos do Estado sob o controle social do povo".
- Esse é o próximo passo urgente a ser dado.
O anúncio de Morales confirmou o discurso do ministro da Mineração, Guillermo Dalence, segundo o qual, no dia 31 de outubro o governo anunciaria uma nova política mineira.
Dalence afirmara que as reservas de mineração nas mãos do Estado significam escolas, saúde e emprego, mas nas mãos dos cooperativistas seria beneficiar exclusivamente a um setor que opera sob o sistema privado.
De acordo com o jornal "El Deber", Morales quer, através de uma lei, estabelecer um sistema de controle social que teria a participação de trabalhadores mineiros assalariados e representantes dos departamentos produtores.
Ao anunciar as medidas, Morales estava acompanhado pelo ministro de Desenvolvimento Rural, Hugo Salvatierra, e pelo vice-presidente, Álvaro García Linera.
Decisão foi tomada após conflitos entre mineiros
A decisão de nacionalizar as minas foi tomada depois dos graves conflitos armados entre mineiros da Comibol - Corporação Mineira da Bolívia - no início do mês pela posse de uma jazida de estanho, que deixou mais de 15 mortos.
Os mineiros de Huanuni disputam a única mina de estanho desenvolvida desde a década de 1930 e que nos últimos dez meses foi explorada por uma e outra parte de forma compartilhada, mas sempre em meio a críticas e suspeitas.
Nesta segunda-feira, em Oruro, o governo e os cooperativistas mineiros farão uma reunião crucial na qual será definida a situação do distrito de Huanuni. Os cooperativistas aceitaram o chamado para a reunião, afirmando que seus atos no futuro dependerão dos resultados deste encontro.
- Não estamos descartando nenhuma medida de pressão, pelo contrário, ela permanece em vigor. Na sexta-feira uma reunião estava prevista, mas fomos burlados pelo governo, já que apenas o ministro da mineração esteve presente e não apresentou propostas claras - disse Pascual Huarachi, representante da Federação Nacional de Cooperativistas Mineiros.
Desde quando assumiu o governo na Bolívia, no início do ano, Morales vem avisando sobre a nacionalização dos recursos minerais da Bolívia. No caso do petróleo e gás, a nacionalização foi feita por diversos decretos presidenciais, mas até o momento, continuam as negociações com as empresas estrangeiras que têm negócios nessas área no país, entre elas a Petrobras.
Em maio, ao anunciar os decretos, o governo boliviano chegou a ocupar refinarias da Petrobras com soldados em uma demonstração de poder. Desde então, a estatal brasileira vem negociando como será feita a transferências das unidades de produção para o estado boliviano e o prazo atual para a conclusão das discussões é no próximo dia 27 .
Além disso, o governo Morales quer aumentar os preços do gás natural exportado ao Brasil.
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