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Depois do pré-sal, Brasil poderá explorar petróleo também no subsal do pós-sal

A descoberta de reservas gigantescas de petróleo na camada do pré-sal elevou o Brasil a uma potência energética e popularizou um novo termo. Em quase dois anos, a palavra pré-sal deixou de ser uma ilustre desconhecida para se transformar em vocabulário básico em jornais, revistas e sites do mundo inteiro. Nem todo mundo sabe, no entanto, que existe uma outra palavra no universo do petróleo da ainda pouco conhecida até agora no Brasil: o subsal.

Quando se fala em pré-sal, estamos falando da camada geológica formada antes de uma extensa camada de sal, que pode ultrapassar 2 mil metros de espessura. Esta seria chamada de uma camada-mãe de sal, ou seja, é a faixa original de acumulação do sal no oceano. Já a camada formada geologicamente depois do sal é chamada de pós-sal. Isso significa que a areia, a matéria orgânica e outros detritos se acumularam em um período posterior a esta camada original de sal.

Subsal

Esta forma de classificação (pré-sal versus o pós-sal) considera a idade de formação das diferentes rochas onde há potencial para geração e acúmulo de petróleo.

Já a palavra subsal faz parte de uma outra maneira de olhar as camadas do oceano, que considera apenas a localização delas em relação a uma camada de sal, seja ela a camada-mãe ou qualquer faixa de sal. Neste caso, podemos falar do subsal (abaixo do sal) ou sobresal (acima do sal), independentemente do período geológico em que tal camada foi formada.

- De maneira geral, a grande maioria das áreas de subsal são pré-sal, ou seja, foram formadas em um período anterior ao da camada de sal. Mas, por causa de movimentações tectônicas, o sal pode vazar da camada-mãe por alguma fratura geológica e formar uma segunda faixa de sal. Com isso, cria uma nova cavidade e dentro desta área pode haver geração de petróleo - explica o geólogo Ivan Simões, integrante do Comitê de Exploração e Produção do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP).

Isso seria o petróleo no subsal, mas na área do pós-sal. Ou seja, está abaixo de uma camada de sal, mas numa área que foi formada geologicamente depois da camada de sal.

Simões faz uma analogia entre o sal e uma massa de modelar para explicar como é possível a formação de uma segunda faixa de sal. O sal tem a capacidade de se deformar com a pressão e pode escorrer por fissuras.

- Esse sal que vaza, formando uma segunda faixa de sal, pode se manter ligado à camada-mãe ou até mesmo se desligar - aponta o geólogo.

No Brasil, já foi verificada a existência de subsal no pré-sal, na área onde estão as novas reservas de petróleo. Já sobre ocorrência de petróleo no subsal na camada do pós-sal, diz o geólogo, há sinais de reservas nesta área, mas ainda não são nem confirmadas, nem exploradas.

Para Ivan Simões, a Bacia de Santos é a que tem mais probabilidade de ter petróleo no subsal do pós-sal. Segundo ele, como a espessura da camada-mãe de sal nesta região é maior - passa dos 2 mil metros -, é maior a chance de movimentações geológicas.

Subsal no pós-sal é comum no Golfo do México

Simões aponta que existe ampla exploração de petróleo no subsal do pós-sal na região do Golfo do México, nos Estados Unidos, enquanto acredita-se que também haja reservas do óleo nesta área no Oeste da África.

- As empresas do Golfo do México exploram há muitos anos petróleo no subsal do pós-sal, ou seja, na área que foi formada depois da camada-mãe do sal. Já vi estudos sísmicos que indicam a existência de petróleo no subsal e pós-sal no Brasil - afirma ele, destacando, no entanto, que não foi informado quais seriam essas áreas.

Tecnologias semelhantes de exploração

A despeito da localização diferente do pré-sal, o integrante do Comitê de Exploração e Produção do IBP explica que não há diferenças entre a tecnologia usada para a exploração do petróleo localizado no subsal do pós-sal ou no pré-sal.

- A dificuldade tecnológica de exploração é semelhante, então não é possível dizer se o custo vai ser mais alto ou mais baixo - diz Ivan Simões.

Para o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro do Centro Brasileiro de Infraestrutura Rafael Schechtman, no entanto, o custo tende a ser mais baixo, já que as camadas secundárias de sal são geralmente mais finas que a camada-mãe. Outros fatores, no entanto, continuam a influenciar no custo, como a distância na costa.

- As camadas secundárias de sal geralmente têm espessura menor e isso tende a significar um custo menor de exploração, se considerarmos que outras condições se mantiverem iguais. É preciso ver a influência de fatores como a distância da costa e a profundidade das reservas. Quanto mais longe, a exploração é mais cara por causa dos custos maiores de locomoção, por exemplo - explica Schechtman.

Pré-sal dobra volume de reservas brasileiras

Segundo a Petrobras, os testes preliminares realizados em quatro áreas do pré-sal (três na Bacia de Santos e uma na Bacia de Campos) apontam para volumes recuperáveis entre 10,6 bilhões e 16 bilhões de barris equivalentes (petróleo e gás). Caso o volume seja confirmado - após o processo de avaliação das descobertas -, as reservas brasileiras dobrariam de volume. Atualmente, as reservas brasileiras de petróleo e gás são de 14 bilhões de barris de óleo equivalente (petróleo e gás).

O campo de Tupi, já em exploração, é o que tem maior estimativa de volumes recuperáveis, de 5 bilhões a 8 bilhões de barris equivalentes, seguido pelo campo de Iara, também na Bacia de Santos, (entre 3 bilhões e 4 bilhões de barris), Guará (1,1 a 2 bilhões de barris de óleo recuperável) e Parque das Baleias (na Bacia de Campos, em frente ao Espírito Santo, de 1,5 a 2 bilhões).

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