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Energia

Derrota em leilão abala a Copel, mas não o mercado

O clima não é dos melhores na sede da Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel). Pouca gente, na estatal e no mercado de energia, contava com uma derrota no leilão de concessão da hidrelétrica de Baixo Iguaçu. Mesmo assim, especialistas do setor não crêem que a companhia seja severamente prejudicada pelo revés no pregão da última terça-feira. No mercado financeiro, a impressão parece ter sido a mesma: nos últimos dois dias, as ações preferenciais da Copel subiram quase 13% na Bovespa, valorização superior à média de 8,2% registrada no mesmo período pelo Ibovespa, principal indicador da bolsa.

Quem arrematou o direito de construir e operar a usina foi o grupo fluminense Neoenergia, que se propôs a vender a energia gerada por R$ 99 o megawatt-hora (MWh), quase 20% abaixo do preço máximo do leilão (R$ 123). O valor é inferior, também, aos R$ 112,96 por MWh que o consórcio Copel-Eletrosul ofereceu quando arrematou a usina de Mauá, no Rio Tibagi, em 2006. De acordo com um funcionário da Copel, a estatal não contava com tamanha agressividade por parte dos concorrentes – segundo ele, a empresa paranaense teria oferecido R$ 107 por MWh no leilão de terça-feira. Por questão de "estratégia comercial", a companhia não revela o valor do lance.

"Claro que seria interessante à Copel agregar a seu parque gerador um ativo localizado no Paraná e em um rio [Iguaçu] onde a empresa já tem hidrelétricas", diz um analista da corretora Socopa, de São Paulo. "Mas o preço ofertado pelos espanhóis foi muito agressivo e, aliás, pode ser um mau negócio se comparado à curva futura dos preços de energia, que, por consenso, é bem mais alta."

O gestor da área de pesquisa da Planner Corretora, Ricardo Martins, avalia que uma derrota como a sofrida pela Copel "é sempre algo a se considerar". "As grandes do setor elétrico têm um planejamento a cumprir, e hidrelétricas economicamente viáveis são cada vez mais raras. Por outro lado, a Copel provavelmente considerou que não era interessante oferecer uma tarifa menor, que não compensasse o investimento."

Nos bastidores da Copel, a avaliação é de que a companhia não aceitaria qualquer proposta que resultasse em uma Taxa Interna de Retorno (TIR) menor que 12% ao ano. "Algumas companhias podem considerar oportuno aceitar menos que isso em determinados casos, mas, em geral, 12% é o mínimo que se busca no setor", diz Martins. Para um técnico da Copel, se essa posição não for revista, a companhia correrá o risco de não arrematar nenhuma nova concessão – e, nas próximas décadas, não conseguir renovar as concessões que já tem. Mas, para um consultor de mercado de Curitiba, o volume que Baixo Iguaçu representaria no portfólio da Copel "é pouco significativo". "A empresa tem vários outros planos, tem ótimos fundamentos e está longe de depender apenas de Baixo Iguaçu", diz.

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