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Derrotada na votação do Brexit, Escócia encontra consolo no uísque

 | Mike Wilkinson/Bloomberg
(Foto: Mike Wilkinson/Bloomberg)

Os escoceses perderam a batalha do Brexit, mas a vitória de quem queria sair da União Europeia trouxe um alento inesperado para a indústria do uísque (whisky).

A derrocada da cotação da libra após o referendo de 23 de junho, que se acelerou após o Banco da Inglaterra cortar a taxa de juros na última semana, reduziu o preço da bebida em mais de 10% para os clientes estrangeiros. Produtores de whisky na Escócia, revendedores em Londres e sites especializados no produto estão aproveitando para fechar mais negócios.

“É a Black Friday do whisky”, diz Dawn Davies, encarregado de compras da loja especializada The Whisky Exchange, referindo-se ao dia de compras mais concorrido dos EUA. “Desde o referendo, houve uma alta louca nas vendas, de 30% a 40%.”

É um empurrão bem-vindo para a Escócia, cujos eleitores pró-UE foram superados pelos moradores da Inglaterra e País de Gales, que preferiram deixar o bloco. O whisky é o produto mais exportado pelo Reino Unido no segmento de alimentos e bebidas, trazendo mais de US$ 5,3 bilhões por ano. Mas as exportações vinham em baixa, com queda de 2,8% no ano passado, o que atingiu em cheio produtores como Diageo, dona da marca Johnnie Walker, e Pernod Ricard, dona da Chivas Regal.

As destilarias fizeram lobby contra o Brexit, dizendo que o mercado comum europeu era vital para seu negócio. Agora, a libra mais fraca se tornou uma compensação para a derrota no referendo. A melhora no cenário para a indústria se reflete no preço das ações da Diageo, que subiram 19% desde então.

Recentemente, muitos consumidores se voltaram a alternativas da moda, como whisky irlandês ou o bourbon americano, e autoridades chinesas, até então um dos mercados em maior expansão, cortaram o hábito de dar presentes caros.

Na Whisky Exchange, uma loja no centro de Londres com seis andares forrados com estantes de whisky, a economia para consumidores com euros, dólares e yuanes é clara. Uma garrafa de “single” Arran 2000 que custava US$ 105 em junho sai agora por US$ 93. Cerca de 70% dos clientes da loja são turistas e a empresa diz que está vendendo tanto que está com dificuldades para repor o estoque. Algumas pessoas estão até comprando whisky na Inglaterra para vender em seus países através de sites de leilão online.

Alguns fabricantes também declaram terem recebido mais pedidos desde a queda da libra. A Adelphi Distillery, na remota península de Ardnamurchan, na região das Highlands, produz apenas 650 barris por ano. Clientes que não garantiram suas garrafas neste ano terão de esperar.

“Estamos na posição afortunada de ter todos nossos whiskys já vendidos”, afirma Alex Bruce, diretor de vendas e marketing. “A taxa de câmbio levou a um aumento no interesse e as vendas estão mais velozes do que o normal.”

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