O brasileiro começou o ano otimista quanto à situação socioeconômica do país. Em janeiro, o Índice de Expectativas das Famílias, estudo apresentado mensalmente pelo Instituto de Pesquisa Economia Aplicada (Ipea), chegou a 69 pontos, recorde da ainda recente série histórica iniciada pelo órgão em agosto de 2010. Em dezembro, o índice havia sido de 67,2, mesma marca de janeiro de 2011. A região brasileira que concentra o maior otimismo é o Centro-Oeste, que chegou a 84,8 pontos, seguida pelo Sul, com 71. O Norte registrou as expectativas mais baixas, somando 62,1 pontos.
Quanto ao otimismo relacionado à economia do país, 64,9% dos entrevistados apontaram que têm a expectativa de a situação melhorar nos próximos 12 meses. Quando pensam em um prazo mais longo cinco anos , 62% ainda se dizem otimistas.
Para o professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Giuliano Contento de Oliveira, o número é positivo e mostra uma percepção popular à parte das expectativas de mercado, que apontam uma desaceleração no crescimento do país. De acordo com Oliveira, é possível afirmar que este início de desaquecimento sinalizado por parte do mercado ainda não é sentido pela população que, por outro lado, reage bem ao conviver com as baixas taxas de desemprego e o aumento de 14,13% no salário mínimo. "A perspectiva de aumento de renda e a estabilidade fazem diferença na sensação de otimismo. Num contexto em que isso é notável, as boas expectativas tendem a ficar em alta", afirma.
Para o professor, outro fator que também ajuda nas perspectivas positivas é a possibilidade de consumo. O tema também é abordado na pesquisa do Ipea e revelou outra faceta do otimismo brasileiro. Segundo o levantamento, 64,4% dos brasileiros consideram que estão em um bom momento para a compra de bens duráveis o dobro dos que acham que esta não seria a época ideal para esse tipo de aquisição (32,2%). "A alta da renda também responde por uma fatia deste otimismo. Desta vez, ela conta com outro fator: o barateamento de produtos, principalmente eletroeletrônicos, que estão cada vez mais acessíveis. Para o consumidor, sentir que tem a possibilidade de comprar um produto de maior valor ajuda nesta sensação de otimismo", afirma Oliveira.