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Projeções

Desaceleração pode ser maior do que a esperada

A crise financeira pode provocar um tombo na economia brasileira maior do que se esperava. O anúncio da queda forte da produção industrial em outubro e o início de demissões em grandes empresas fez vários analistas revisarem para baixo suas previsões para o Produto Interno Bruto (PIB).

As estimativas variam, mas há quem preveja desde a estagnação da economia no último trimestre até a queda consecutiva do PIB no quarto trimestre de 2008 e no primeiro trimestre de 2009, o que se caracterizaria como "recessão técnica". Se confirmada, será a primeira queda no PIB desde 2005.

A redução do crédito, a alta do dólar, a suspensão de investimentos, a queda de vendas nos setores automotivo e de construção e demissões em grandes empresas como Vale, Votorantim Celulose e Papel (VCP) e Volvo, fizeram acender a luz amarela. "Percebe-se que a contaminação da crise na economia brasileira está muito mais rápida e intensa do que se imaginava. O cenário mais pessimista de alguns meses atrás ainda era melhor do o que estamos vivendo agora" diz Samuel Pessoa, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

A queda de 1,7% da produção industrial em outubro foi muito mais forte do que a esperada pelo mercado, que trabalhava com uma expectativa de redução de 0,1%. Além da retração industrial, analistas prevêem um cenário de pressão inflacionária por conta da alta do dólar, que encarece importados e insumos para a produção. A crise internacional e a desaceleração da economia mundial também vêm prejudicando os resultados do comércio exterior brasileiro nos últimos meses.

Analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Banco Central reduziram para 2,5% a previsão de crescimento do PIB para 2009, mas já pipocam no mercado projeções ainda piores, como a que consta do relatório da Organização das Nações Unidas, que previu, em um cenário pessimista, um avanço de apenas 0,5% para economia brasileira em 2009. O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta um crescimento de 3% para o país no próximo ano, mesma estimativa da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). O governo federal, porém, manteve a previsão de 4%.

A redução da oferta de crédito no mercado brasileiro – que afetou desde a venda de produtos ao consumidor até os investimentos e o financiamento a exportações – é para muitos o principal ingrediente para a deterioração do quadro brasileiro. "Até então a crise era externa. Com a desorganização do crédito no mercado interno ela chegou à economia real. Mas ninguém tem claro o tamanho do estrago nos próximos meses", diz Pessoa, da FGV.

Marcio Cruz, professor do departamento de economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) considera que janeiro e fevereiro serão decisivos para sinalizar como será o desempenho do ano. "Mas está claro do que o ciclo de crescimento será interrompido", diz. (CR)

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