Acho curioso termos saído dos tempos de escravidão e de longas jornadas de trabalho da Revolução Industrial para voltarmos a elas voluntariamente. Rotinas extensas, objetivos difíceis de serem alcançados e projetos desafiadores são naturais na rotina profissional da maioria de nós que, ao fim do expediente, ainda demora a chegar em casa e mal tem tempo ou disposição para realizar outras atividades de lazer. Porém há quem não consiga se desligar do trabalho nem nos momentos de folga.

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Costumo dizer nas minhas palestras que quem deseja atingir um alto cargo ou uma promoção tem de trabalhar duro e, talvez, mais horas do que o estipulado na carteira de trabalho. É claro que isso não é uma regra, pois não adianta trabalhar até a exaustão sem qualidade ou produtividade. E é exatamente isso que pretendo deixar claro. Afinal, não somos robôs. Brinco que não temos um botão "on/off" para desligar ou ligar conforme desejamos agir ou pensar.

Quando, por exemplo, estamos envolvidos em projetos grandes, muito importantes, as pessoas se mantêm em um nível de tensão que não é aliviado até que o relatório seja entregue ou o processo concluído – ainda mais quando se está nas etapas finais de elaboração. Em casos como esses, por mais que a tensão seja grande, sugiro que o profissional não tire férias, pois provavelmente não descansará. Isso acontece devido ao alto nível de preocupação e responsabilidade que temos em relação a esses projetos. O ideal é que o profissional termine o tal projeto para que tire férias ou então gaste seu "banco de horas" sem nenhum "peso nas costas".

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Entretanto, algumas pessoas, preocupadas com o trabalho, buscando uma promoção, ou mesmo os workaholics, não conseguem se desligar do trabalho durante o descanso. Isso não significa somente ligar o computador e trabalhar, mas também pensar no trabalho, "apagar incêndios" a distância ou checar os e-mails corporativos (agora facilmente acessados pelos smart­phones). Isso é prejudicial não somente à saúde, mas também à vida pessoal e profissional.

Quando estamos estressados ou mergulhados por meses ou anos no ambiente corporativo com períodos de descanso mal-aproveitados, o corpo humano começa a apresentar sinais não só psicológicos, mas também físicos de desgaste. Posso dizer que o estresse se manifesta de quatro maneiras diferentes: na mente (preocupação, má avaliação, indecisão, decisões apressadas, pesadelos, negatividade); no comportamento (perda de apetite, fumo, alcoolismo, inquietude, insônia, desinteresse sexual, propensão a acidentes; nas emoções (perda de confiança, ansiedade extrema, irritabilidade, depressão, apatia, medo); e, por fim, no corpo (dores de cabeça, infecções, tensão muscular, distensão muscular, fadiga, falta de ar, irritações na pele). Da mesma maneira, as possibilidades de riscos à saúde se agravam, como os problemas cardíacos, por exemplo.

Além disso, ninguém aguenta só trabalhar e não descansar "pra valer". Quem não descansa devidamente nas férias, feriados e fins de semana começa a ter queda de desempenho, concentração e produtividade, além dos outros problemas citados anteriormente. O organismo não aguenta e, mais cedo ou mais tarde, falha, adoece. É ciência, e não só um discurso de saúde e qualidade de vida.

Apesar de os feriados custarem muito ao país, são uma maneira de prolongar aquele curto fim de semana que possuímos. Portanto, é fundamental que as pessoas aprendam a relaxar o máximo possível nesses períodos de folga para voltar "com tudo" na segunda-feira. É preferível não misturar muito as coisas: trabalhar durante a folga e folgar no trabalho. O recomendável para quem quer desenvolver uma carreira com sucesso e saúde é trabalhar durante a semana e descansar nos períodos destinados a isso.

Por último, descanso não significa somente viajar. Se não é possível sair da cidade, aproveite o tempo livre para ir ao cinema, ler um livro, almoçar com a família, sair com os amigos e qualquer coisa que lhe dê prazer. Vale lembrar que tempo livre não é uma opção ou luxo de alguns, mas sim uma necessidade humana.

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