Após inverter tendência de queda à tarde, o dólar subiu ante o real nesta segunda-feira (4), chegando à quinta sessão consecutiva de alta e descolando do movimento no cenário externo.
De acordo com operadores, a perspectiva de baixo crescimento do país e de queda da Selic traz dúvidas para investidores, sendo que o mercado ainda está atento se o Banco Central voltará a atuar no câmbio.
A expectativa é de que a moeda norte-americana ainda se mantenha entre R$ 2,03 e R$ 2,05 nesta semana, que pode, no entanto, ter um volume de operações reduzido em função do feriado na quinta-feira.
O dólar fechou com alta de 0,21%, cotado a R$ 2,0521. Durante o dia, a moeda oscilou entre R$ 2,0325, quando chegou a cair 0,75%, e R$ 2,0568, atingindo alta de 0,44% na ocasião.
"Lá fora, o dólar perdeu força e houve alguma perspectiva de melhora, à espera de medidas para capitalizar bancos, mas isso não está refletindo aqui", disse o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo.
"O mercado continua passando por momentos de incerteza e investidores continuam preocupados com os destinos da nossa economia", completou.
No cenário externo, a moeda comum europeia mostrou recuperação com especulações de uma melhor integração fiscal na zona do euro. Às 17h15 (horário de Brasília), o euro subia 0,52%. O dólar também se desvalorizava e caía 0,41% ante uma cesta de divisas no horário.
Galhardo destacou que a alta da divisa norte-americana pode ter refletido questões locais, como os esforços do governo para estimular a economia, mostrando receio de um baixo crescimento, além da expectativa de queda da taxa básica de juros e as frequentes intervenções do Banco Central no mercado de câmbio podendo estar atrapalhando a entrada de investimentos no Brasil.
Nesta segunda-feira, o relatório Focus mostrou que o mercado reduziu sua expectativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 para 2,72%, ante 2,99% na semana anterior.
Para estimular o crescimento, a presidente Dilma Rousseff reuniu-se nesta segunda-feira com ministros da área econômica, como o da Fazenda, Guido Mantega, e cobrou ações para aumentar os investimentos no país. Dilma volta a se reunir ainda com Mantega no início da noite.
Para o gerente de câmbio, no entanto, o dólar subiu aos poucos ante o real e essa oscilação não foi suficiente para o BC voltar a atuar no mercado. Ele lembrou ainda que o feriado desta semana pode fazer com que o dólar tenha pouca oscilação.
"A moeda pode ficar nesse patamar. É uma semana ruim, porque investidores não querem abrir posições, já que teriam que liquidar já na quarta-feira. Isso inibe o mercado e não devemos ver grandes operações. Acho que (o dólar) pode ficar entre R$ 2,03 a R$ 2,05", afirmou.
Outro operador de câmbio, e que prefere não ser identificado, afirmou, por sua vez, que ainda houve alguma especulação no mercado, que voltou a testar se a autoridade monetária interviria. "Tive a impressão de que o mercado quis subir para chamar o BC", avaliou.
Nesta segunda-feira o BC completou seis sessões consecutivas sem atuação no mercado de câmbio, depois ter intensificado leilões de swap cambial tradicional.
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