Usina termelétrica de Araucária: geração térmica tem custos maiores| Foto: Secs

Mau sinal

Elétricas lideram perdas na bolsa

Os papéis de empresas do setor elétrico ficaram entre as maiores baixas do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo ontem, diante do temor de um racionamento de energia no país com os reservatórios das usinas hidrelétricas registrando níveis baixos. Os problemas no abastecimento devem motivar uma reunião da presidente Dilma Roussef com o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, nos próximos dias. Os papéis PNB da Eletrobras caíram 5,08%; Copel PNB perdeu 2,34%; Cesp PNB perdeu 3,30%; e CPFL Energia ON caiu 2,30%. A analista Beatriz Nantes, da Empiricus Research/Investmania, lembra que o nível dos reservatórios já vinha baixo desde o ano passado. E à medida que esse nível vinha baixando, o preço do megawatt/hora no mercado livre de energia estava subindo. "No fim de 2011, o megawatt/hora custava R$ 40; no fim de 2012 estava em R$ 300 e agora está em R$ 500, o que é um indicador real de risco de racionamento", diz.

CARREGANDO :)

Tachada como "ridícula" pela presidente Dilma Rousseff há apenas duas semanas, a hipótese de racionamento de energia elétrica entrou no radar do governo. "A questão é que agora passamos a considerar algo que antes não fazia sentido pensar", disse uma fonte da área técnica. "O nível dos reservatórios está baixando, então não podemos fechar os olhos para essa possibilidade."

A chance de se repetir em 2013 o "apagão" de 2001 é, porém, considerada pequena tanto no governo quanto no setor privado. O risco maior é haver aumento nas tarifas. Nesse caso, o corte nas contas de luz prometido pela presidente Dilma em cadeia de rádio e tevê, em setembro passado, pode ficar menor do que o originalmente estimado. O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), órgão do governo responsável por acompanhar e avaliar a segurança do suprimento de energia no país, se reúne amanhã. O Ministério de Minas e Energia insiste que é um encontro rotineiro, anteriormente agendado. Ainda assim, houve nervosismo no mercado financeiro.

Publicidade

Reservatórios

Dados do Operador Na­­­cional do Sistema Elétrico (ONS) mostram que os níveis dos reservatórios das usinas hidrelétricas de quase todas as regiões do país chegaram abaixo ou muito próximo da curva de risco para geração de energia. A expectativa é de que as chuvas deste primeiro trimestre recomponham os níveis, mas os primeiros dias do ano deixam dúvidas. "O que acontecer em janeiro em termos de hidrologia vai definir a condição do sistema", frisou o presidente da Associação Brasileira de Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage), Flávio Neiva.

Isso não quer dizer que haverá racionamento, mas sim que o governo terá de tomar providências. "Há outras medidas para serem adotadas pelo lado da demanda, e também o despacho de térmicas mais caras, uso de gás", citou.

Essas alternativas, porém, têm custo elevado, com impacto nas tarifas. O acionamento das térmicas "já está atrapalhando" os planos de Dilma de promover um corte médio de 20,2% nas tarifas de eletricidade, disse Neiva.

O acionamento intensivo das usinas térmicas já está pesando e deverá levar a conta de Encargos de Serviços do Sistema (ESS) a bater novo recorde em dezembro de 2012, segundo estimativa da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace). A entidade calcula um recolhimento de R$ 929,2 milhões pesando sobre as contas de luz. O ESS serve para cobrir o custo com o acionamento das usinas térmicas e compensar restrições de funcionamento de linhas de transmissão.

Publicidade